O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, disse que os ucranianos integravam um grupo de cerca de 100 militares que foram cercados perto da fábrica de Ilyich e que tentaram sair da cidade em veículos blindados na segunda-feira à noite.
As forças russas realizaram ataques aéreos e de artilharia contra a coluna militar ucraniana, disse Konashenkov no seu encontro diário com a imprensa, em Moscovo, citado pela agência espanhola EFE.
“Esta tentativa inovadora foi frustrada por ataques aéreos e de artilharia. Três tanques ucranianos, cinco veículos de combate de infantaria, sete veículos e até 50 tropas foram destruídos. Outros 42 militares ucranianos depuseram voluntariamente as armas e renderam-se”, disse Konashenkov.
A cidade portuária de Mariupol situa-se na região separatista de Donetsk, cuja independência foi reconhecida pela Rússia na véspera de invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
O porta-voz russo não aludiu às alegações da câmara de Mariupol e do batalhão Azov de que a Rússia usou um ‘drone’ (aparelho não tripulado) para lançar um agente químico indeterminado contra militares e civis na fábrica local Azovstal, onde os defensores ucranianos estão entrincheirados.
As autoridades ucranianas, que não apresentaram provas do alegado uso de armas químicas, disseram que o ataque, na segunda-feira, não provocou ferimentos graves.
Um porta-voz dos separatistas ucranianos apoiados por Moscovo, Eduard Basurin, disse hoje à agência russa Interfax que as suas forças “não utilizaram nenhuma arma química em Mariupol”, segundo a agência norte-americana Associated Press (AP).
Basurin tinha afirmado à televisão estatal russa, na segunda-feira, que os separatistas usariam o que denominou por “tropas químicas” contra os soldados ucranianos escondidos numa gigantesca fábrica de aço em Mariupol para os “expulsar de lá”.
De acordo com o Instituto de Estudos de Guerra, com sede nos Estados Unidos, a posição dos defensores de Mariupol está dividida em dois, com um grupo na fábrica Azovstal, no leste da cidade, e outro no porto, no sudoeste.
Na segunda-feira, os separatistas russos em Donetsk começaram por afirmar que tinham tomado 80% do porto de Mariupol e, depois, que estava sob o seu “controlo total”, mas a informação carece de verificação independente.
O comandante-chefe das Forças Armadas Ucranianas, Valery Zaluzhny, escreveu na rede social Facebook, na segunda-feira, que a defesa de Mariupol continua e que está a ser feito “tudo o que é possível e impossível” para “salvar vidas de militares e civis”.
De acordo com os pró-russos de Donetsk, as forças russas e as milícias separatistas treinaram grupos de assalto para neutralizar formações ucranianas na fábrica Azovstal.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 48.º dia, provocou um número ainda por determinar de baixas civis e militares.
A ONU confirmou a morte de 1.842 civis até domingo, incluindo 148 crianças, mas alertou que os números reais “são consideravelmente mais elevados”.
A guerra levou também mais 11 milhões de pessoas a fugir de casa, incluindo 4,5 milhões que se refugiram nos países vizinhos, naquela que é considerada a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
As Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A comunidade internacional reagiu à invasão russa com sanções económicas e políticas contra Moscovo, e com o fornecimento de armas a Kiev.