“Temos dito repetidamente que a própria Aliança [Atlântica] é mais um instrumento de confronto. Não é uma aliança que garanta a paz e a estabilidade, e o seu futuro alargamento, evidentemente, não trará segurança adicional ao continente europeu”, comentou o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, citado pela agência de notícias espanhola EFE.
Peskov reagia à notícia divulgada hoje pelo jornal britânico The Times, que cita funcionários norte-americanos a admitir que a Finlândia poderá formalizar a sua candidatura já em junho, com a Suécia a fazer o mesmo logo de seguida.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou em várias ocasiões que tanto a Finlândia como a Suécia seriam bem-vindas se decidissem aderir à Aliança Atlântica.
Uma das questões-chave para a Finlândia é obter garantias de segurança da NATO para o período entre o pedido de adesão e a ratificação por todos os países aliados, quando ainda não estaria coberta pela cláusula de defesa coletiva da Aliança (Artigo 5.º).
Na semana passada, Stoltenberg disse que os membros da NATO estariam dispostos a dar tais garantias e observou que, se a Finlândia decidir aderir, “encontrarão uma forma de lidar com esta questão”.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) é uma aliança militar criada pelo também denominado Tratado de Washington, de 04 de abril de 1949, que “pretendia criar um contrapeso aos exércitos soviéticos estacionados na Europa Central e Oriental após a Segunda Guerra Mundial”, segundo a própria organização.
Portugal é um dos 12 membros fundadores, juntamente com Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França, Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Reino Unido.
Ao longo dos anos, outros países aderiram à organização, que conta atualmente com 30 membros.
O Artigo 5.º do Tratado estabelece que “um ataque armado contra um ou mais” dos Estados-membros “na Europa ou América do Norte será considerado um ataque contra todos” os países que integram a NATO, desencadeando o direito de uso de força armada, individual ou coletiva, “para restaurar e manter a segurança da área do Atlântico Norte”.
Ao invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Rússia usou como um dos argumentos a possível adesão do país vizinho à NATO.
Desde então, a Ucrânia tem pedido a intervenção da NATO em sua defesa, que foi recusada precisamente por o país não integrar a organização e por receio de que um envolvimento direto da Aliança Atlântica poderia desencadear uma guerra total na Europa.
No entanto, vários países da NATO têm fornecido armamento à Ucrânia, sobretudo sistemas de defesa antiaérea, para ajudar a repelir as tropas russas.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 47.º dia de combates, provocou milhares de mortos civis e militares, bem como a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, incluindo 4,5 milhões para países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A comunidade internacional reagiu à invasão da Ucrânia pela Rússia com sanções económicas e políticas contra Moscovo, além do fornecimento de armas a Kiev.
Lusa