“Há um mês tudo parecia normal. Os adultos iam trabalhar, as crianças para a escola ou brincavam nos parques, com os avós. Os judocas treinavam nos seus dojos. Hoje, nada é como era”, lembrou Zantaraia, em entrevista à União Europeia de judo.
O judoca ucraniano, de 34 anos e nascido na Geórgia, campeão mundial em 2009, além de muitas mais medalhas em campeonatos do mundo (uma prata e quatro bronzes), e tricampeão europeu, revelou que passa muitos dos seus dias num ‘bunker’ na capital da Ucrânia.
Zantaraia ‘vive’ nos difíceis tempos de guerra, desde que a Rússia invadiu o país, juntamente com 10 amigos, depois de a sua mulher e os dois filhos terem fugido para a Polónia, para estarem em segurança.
“Não vou sair até acabar”, adiantou à União Europeia de Judo (UEJ) o judoca, que, em outubro, foi eleito para a Câmara de Kiev pelo partido Servo do Povo, o mesmo de Volodymyr Zelensky, o presidente da Ucrânia.
Na conversa com a UEJ, o judoca acrescentou que qualificar a situação de “terrível” é o mínimo.
“No mínimo. Todos estão armados. Estamos a defender a nossa cidade, o nosso país. Mas não queremos mais nada do que paz, é a nossa casa e muitos de nós não temos para onde ir. Gentilmente, peço a toda a comunidade desportiva para nos ajudar. Façam doações, precisamos mesmo de ajuda”, adiantou.
Um apelo reforçado pela UEJ, com o organismo do judo europeu a estabelecer uma angariação de fundos na sua página, a serem entregues à Federação ucraniana da modalidade.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, que matou pelo menos 1.232 civis, incluindo 112 crianças, e feriu 1.935, entre as quais 149 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de quatro milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.