Cerca de cinco mil pessoas, segundo os organizadores da manifestação, percorreram o centro histórico da capital da República Checa e entoaram frases como “Rússia sem Putin", "Liberdade para a Rússia, paz para a Ucrânia" ou "Putin não é a Rússia".
"Na República Checa vivem 40.000 russos e até agora esses russos eram desconhecidos para os checos", disse à agência France Press um dos organizadores do protesto, Anton Litvin.
O artista e ativista russo que vive em Praga há dez anos frisou que os cidadãos da Rússia que vivem neste país querem mostrar que “são contra Putin, contra a guerra e que apoiam a Ucrânia".
"Os russos aqui não são putinistas, são europeus", disse o ativista, segurando uma bandeira azul e branca, como as hasteadas pelos manifestantes.
O ativista explicou que o tricolor russo vermelho, azul e branco foi reinventado para a ocasião.
"Não queremos aquela faixa vermelha que simboliza o sangue, por isso a removemos. Agora só resta a brancura da neve e o azul puro do céu", disse.
Os cartazes erguidos pelos manifestantes também convidavam os russos a "falar e lutar contra o verdadeiro inimigo, não a Ucrânia" e descreveram o presidente russo como um assassino.
Os manifestantes pediram também a Vladimir Putin para que libertasse os prisioneiros políticos, incluindo o opositor Alexei Navalny, que foi condenado esta semana a nove anos em cadeia de "regime severo".
"Qualquer ser humano sensato deve opor-se a Putin. Toda ação é boa ou má e tem um autor, desta vez o mal tem um autor óbvio, por isso sou contra Putin ", disse Peter Bankov, um designer nascido na Bielorrússia que viveu em Moscovo antes de se mudar para Praga.
A chorar e entre soluços, Olga Bouzenkova, uma empresária que trocou Moscovo por Praga há um ano, sublinhou que é “contra a guerra, contra Putin, contra o que o exército russo está a fazer e contra os assassínios”.
A guerra "mudou tudo", acrescentou, referindo-se a uma familiar ucraniano idoso que fugiu de Kiev e foi para Colónia, na Alemanha.
"Ela lembra-se de como os alemães bombardearam Kiev em 1941, e agora esses alemães a receberam e concederam-lhe o estatuto de refugiado", precisou, frisando que “a Rússia agora tornou-se num país fascista".
“Não podemos ignorá-lo. Putin deve ser detido", conclui.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, 3,7 milhões das quais para fora do país.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa