"Vimos recentemente, em Portugal, como os ciberataques podem fazer cair toda a rede e é por isso que é tão importante que tenhamos este sistema de apoio", defendeu o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, falando em conferência de imprensa à margem da sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo.
Discursando na apresentação de propostas da Comissão Europeia sobre áreas críticas para a segurança da UE para assegurar a defesa europeia, como a cibersegurança, o responsável considerou que, "da mesma forma que se assegura a proteção das fronteiras físicas ou geográficas com a Frontex (…), a União deveria estar em posição de proteger as fronteiras cibernéticas".
Numa altura de ciberataques consecutivos a entidades portuguesas, tendência que já se registou também noutros países europeus, Thierry Breton defendeu que a proteção das fronteiras cibernéticas da UE deveria ser assegurada por "especialistas europeus que estariam lá para defender qualquer país que fosse atacado" e para "identificar potenciais ameaças".
A ideia seria criar "um escudo cibernético" na UE que atuasse de forma semelhante à Frontex, agência europeia encarregue de controlar as fronteiras externas do Espaço Schengen em coordenação com as guardas de fronteira e costeiras dos Estados-membros.
A Comissão Europeia anuncia hoje várias ações, a serem implementadas nos próximos meses, relativamente à defesa europeia, "cobrindo toda a gama de desafios, desde a indústria de defesa convencional e equipamento em terra, mar e ar, a ameaças cibernéticas, híbridas e espaciais, mobilidade militar e a relevância das alterações climáticas", bem como um "roteiro sobre tecnologias críticas para a segurança e defesa", segundo o comunicado da instituição.
Numa altura de fortes tensões geopolíticas na fronteira ucraniana devido à ofensiva russa, que muitos especialistas admitem que possa levar a mais ciberataques na Europa, a Comissão Europeia vinca que, "ao utilizar todos os meios disponíveis num contexto geopolítico e tecnológico em constante evolução", o objetivo é "reforçar a capacidade da União para contrariar as ameaças de diferentes âmbitos, em rápida mutação".
Para reforçar a cibersegurança e a ciberdefesa, a Comissão indica que irá propor "a Lei de Ciber-Resiliência e solicitará às organizações europeias de normalização que desenvolvam normas harmonizadas em matéria de cibersegurança e privacidade e, em conjunto com os Estados-membros, intensificará a preparação para os ciberataques em grande escala".
No que toca ao reforço da resiliência europeia contra estes ciberataques, Bruxelas anuncia o lançamento futuro de uma caixa de ferramentas híbridas da UE e a identificação de peritos em áreas políticas relevantes.
Previsto está, também, que "a Comissão e o Alto Representante explorem a possibilidade de ativação de mecanismos de solidariedade, assistência mútua e resposta a crises em caso de ataques com origem no espaço ou de ameaças aos bens espaciais".
Ao mesmo tempo, até final do ano, a Comissão pretende apresentar um plano de ação conjunto para reforçar a mobilidade militar dentro e fora da Europa.
Quanto aos investimentos, Bruxelas estima que, durante este ano, sejam mobilizados 1,9 mil milhões de euros do Fundo Europeu de Defesa para projetos de investigação e desenvolvimento de capacidades de defesa, verba à qual quer acrescentar investimentos dos Estados-membros em capacidades estratégicas de defesa.
ANE // CSJ