Este é um dos resultados de um estudo que o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) tem vindo a conduzir sobre a resposta imune celular (mediada por linfócitos T) e mediada por anticorpos à vacina contra a covid-19, ao longo do tempo.
Em análise estiveram 100 dos seus funcionários, sendo que 50 nunca foram infetados por SARS-CoV-2 e os restantes 50 são pessoas que recuperaram da doença.
De acordo com Artur Paiva, investigador do Serviço de Patologia Clínica do CHUC, “confirmou-se que a resposta imune é muito mais forte em indivíduos recuperados da infeção após uma dose de vacina, do que em indivíduos naive (que nunca foram infetados por SARS-CoV-2) após a toma de duas doses”.
“Os resultados obtidos neste estudo, que foi aceite para publicação na revista científica internacional Clinical and Experimental Medicine, revelaram que, seis meses após a infeção por SARS-CoV-2, 48 dos 50 participantes recuperados da infeção mantinham proteção contra o vírus, ou pela presença de anticorpos IgG, ou por linfócitos T específicos”, revelou.
No entanto, “oito dos 50 participantes não apresentavam linfócitos T específicos para SARS-CoV-2”.
“Este dado é relevante, porque está demonstrado que, em outros coronavírus, são os linfócitos T que asseguram a imunidade a longo prazo, desconhecendo-se, ainda, se esta circunstância também é válida para o SARS-CoV-2”, acrescentou.
O investigador sublinhou que, após a administração de uma dose da vacina aos indivíduos recuperados da infeção, “verificou-se um aumento notável dos níveis de anticorpos IgG e IgA, e de linfócitos T específicos para SARS-CoV-2”.
“Relativamente aos oito indivíduos que não apresentavam linfócitos T específicos para o vírus, sete deles desenvolveram-nos após a vacina. No entanto, estes oito indivíduos apresentaram uma resposta imune consideravelmente mais fraca do que os restantes, levando-nos estes dados a colocar a hipótese de ser possível detetar precocemente indivíduos com fraca resposta à vacina e que, por isso, possam beneficiar de doses de reforço”, sustentou.
Segundo Artur Paiva, constatou-se ainda que “a vacina consegue mobilizar e ativar uma subpopulação de linfócitos T, os linfócitos T helper foliculares (Tfh), que têm a função de promover e regular a produção de anticorpos”.
“Alguns estudos mostram que, durante a infeção por SARS-CoV-2, há diminuição da produção de linfócitos Tfh, e que estas células não funcionam devidamente. Tal compromete a produção de anticorpos e resulta numa resposta imune pouco eficaz contra o vírus”, referiu.
Com este estudo, verificou-se que “as pessoas que tinham sido infetadas há seis meses ainda apresentavam níveis baixos de linfócitos Tfh”.
No entanto, “uma dose de vacina revelou-se suficiente para restabelecer os níveis destas células.”