"Em setembro vimos uma recuperação grande na procura porque abriram as fronteiras com o Brasil e com os Estados Unidos. Estávamos muito otimistas porque a recuperação estava a ser muito boa. Com efeito, em novembro – e agora também em dezembro – estamos a operar 80% da capacidade dos voos que operámos em 2019. São bons números", disse Silvia Mosquera no 46.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), em Aveiro.
A responsável referiu que a recuperação se fez notar, sobretudo, "no mercado doméstico, étnico, e nas viagens de visita à família e amigos".
"Agora, com estes novos casos de Covid-19, com a nova variante, estamos a ver que as vendas estão, outra vez, a estancar (a evolução) um pouco. Estão-se a cancelar voos, tivemos que cancelar voos para Marrocos, para os Estados Unidos. Não são boas notícias nem para nós, companhia aérea, nem para os passageiros. Mas, a prioridade é sempre a saúde e a segurança. Se é o que há a fazer para o melhor de todos, temos que acatar as medidas", acrescentou.
Silvia Mosquera referiu que a TAP está neste contexto convicta de que o que é "muito relevante" para os clientes é a flexibilidade.
"Ontem, dia 01 de dezembro, a TAP lançou uma nova política de flexibilidade, aumentando-a em todas as nossas tarifas. (…) Pensamos que é o que temos que dar aos nossos clientes dadas as circunstâncias de incerteza total", explicou.
Sobre a aprovação do plano de reestruturação, a responsável diz que estão "otimistas", continuando a esperar que até ao final do ano esteja aprovado pela Comissão Europeia.
"Pensamos que pode vir como um presente de Natal para a TAP e Portugal, já que a companhia é tão relevante para o país", afirma.
Ainda assim, e tal como têm vindo a dizer, a companhia já está "a implementar esse plano com a ideia que vai ser aprovado".
"Precisamos da aprovação opara ter a garantia, mas já estamos a trabalhar em todas as áreas”, acrescentou.
Numa plateia de muitos operadores e agentes de viagens, e dadas as dificuldades de entendimento das quais estes profissionais se queixaram nos últimos anos, a responsável pela TAP sublinhou que "é muito importante para a TAP – porque a maioria das vendas dos bilhetes são feitas por aí –, é muito relevante o trabalho com as agências de viagens".
"As agências são a chave para a recuperação da TAP, por isso estamos a trabalhar em conjunto para ver o que podemos mudar. Não vamos estar sempre de acordo, mas temos que trabalhar juntos", acrescentou Sílvia Mosquera.
Na quarta-feira, na abertura do congresso, o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, defendeu que o país deve apoiar a TAP, sugerindo que se avalie o que fica mais caro, auxiliar a companhia ou regredir 10 anos no turismo.
"Precisamos de união e sentido de estratégia, também porque teremos de nos preocupar com a defesa do ‘hub’ aéreo em Lisboa, e isso não parece possível sem a manutenção de uma TAP com dimensão", disse Pedro Costa Ferreira no 46.º Congresso Nacional da APAVT.
O responsável lembrou que hoje se assiste a um país dividido "entre quem sustenta o apoio estatal à TAP e quem o combate", acrescentando que a associação não se revê "nesta simplicidade" de análise.
"Desde logo, porque o principal desafio do turismo português é o desenvolvimento dos mercados longínquos, que nos trarão mais território turístico e menos sazonalidade. Não cremos que tenhamos êxito nesta tarefa, se não mantivermos o ‘hub’, bem como não acreditamos que consigamos manter o ‘hub", se não for através da TAP", sustentou.
"Por outras palavras, o que é mais caro? Apoiar a TAP, ou regredir dez anos no setor turístico, com todas as implicações para a economia nacional? Mas dizer isto, e com isto acreditar que, enquanto país, devemos apoiar a TAP, não é isentá-la da necessidade de gestão rigorosa e resultados positivos, procurando que o apoio seja o menor possível, pelo menor período de tempo possível", reforçou Pedro Costa Ferreira.
O 46.º Congresso Nacional da APAVT, que decorre em Aveiro até sexta-feira, tem o mote "Reencontro", e conta com 738 inscritos, disse o presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, à Lusa, acrescentando que o número faz dele "o maior congresso desde que há registos".