De acordo com a investigação publicada na revista especializada British Medical Journal (BMJ), os autores reforçam, através de análises quantitativas, que os dados disponíveis “indicam um benefício associado à lavagem das mãos, ao uso de máscaras, e ao distanciamento físico na redução da incidência” da infeção causada pelo vírus SARS-CoV-2.
“Os resultados da análise indicam uma eficácia tanto individual como de pacotes de medidas de saúde pública sobre a transmissão do SARS-CoV-2 e a incidência da Covid-19. Independentemente das já comprovadas elevadas taxas de vacinação, é provável que as estratégias de prevenção da saúde pública permaneçam como medidas de primeira escolha”, pode ler-se no documento.
Apesar de ser assumida a necessidade de mais investigação sobre a avaliação da eficácia destas medidas num contexto de elevada cobertura vacinal, o estudo conclui também que o controlo da pandemia não depende apenas do avanço na vacinação, enfatizando o valor de se continuar a seguir “medidas de saúde pública eficazes e sustentáveis”.
Segundo este trabalho, que rastreou milhares de estudos e agregou algumas dezenas – mediante o cumprimento de determinados critérios de observação – para um escrutínio mais apurado, o efeito do uso de máscara traduziu-se numa redução de 53% na incidência de Covid-19 (a partir de estudos com um total de 2.627 pessoas com Covid-19 e 389.228 participantes).
Simultaneamente, um estudo empírico em 200 países refletiu 45,7% menos mortalidade relacionada com a Covid-19 em países onde o uso de máscara era obrigatório e um outro estudo empírico realizado nos Estados Unidos observou uma redução de 29% na transmissão do vírus em estados onde foi decretada a obrigatoriedade de uso de máscara.
Em termos de correlação entre lavagem de mãos e a incidência, três estudos com um total de 292 pessoas infetadas e 10.345 participantes foram incluídos na análise conjunta global, que sugeriu uma redução estimada de 53% na incidência da Covid-19.
Quanto ao distanciamento físico e o seu reflexo na incidência da doença, cinco estudos com um total de 2.727 pessoas infetadas e 108.933 participantes foram incluídos na análise, mostrando uma redução de 25% na incidência.
O estudo debruçou-se ainda sobre medidas de cariz mais social, como confinamentos, quarentena e restrições na circulação e viagens, embora tenha salientado a importância de serem consideradas “as necessidades específicas de saúde e socioculturais das comunidades”. São também reconhecidas as limitações ao nível da atualidade da informação disponível e o uso de diferentes métricas ou duração de períodos de análise de diferentes estudos.