O setor nunca paralisou totalmente, mas a pandemia afetou fortemente todos os sectores de atividade económica regional. Mesmo assim, pescadores e armadores asseguraram sempre as necessidades de consumo das populações, mas com a restauração e hotelaria encerrados, as exportações inexistentes e o consumo interno em baixa, as capturas desceram para metade.
Esta situação levou o Governo Regional, através da secretaria regional de Mar e Pescas, a conceder um apoio financeiro aos pescadores e armadores na ordem dos dois milhões de euros, verbas que foram suportadas pelo Orçamento da Região.
A faturação acompanhou a tendência de descida na mesma proporção, nos períodos mais críticos da pandemia, com quebras nas capturas e nas receitas na ordem dos 50 por cento. Os dados mais recentes indicam que os valores atuais estão a 25 por cento dos resultados apurados nos cinco anos anteriores à crise sanitária, incluindo 2019 que foi o “melhor ano de sempre” dos últimos 12 anos, com a faturação a ultrapassar os 22 milhões de euros e 8 toneladas de pescado.
Passados três meses do maior alívio das restrições de combate à Covid 19 (muito embora o cenário em novembro volte a registar um aumento do número de pessoas infetadas) e com a abertura da hotelaria e da restauração, do aeroporto e do porto de cruzeiros e o regresso da população residente a alguma normalidade, os serviços da secretaria regional de Mar e Pescas compararam os dados do pescado descarregado nos quase dois anos que já levamos de pandemia com os cinco anos anteriores a ela.
Os dados apurados pela direção regional de Pescas até ao mês de outubro de 2021 (ficam por adicionar os valores referentes a novembro e dezembro), indicam, por exemplo, que o pescado descarregado entre janeiro e outubro de 2021 (10 meses) apresenta valores já muito próximos de 2015.
Com efeito, em 2015 o volume de peixe descarregado nas lotas atingiu 5 641 toneladas e 15,6 milhões de euros (12 meses), em 2021 (apenas nos primeiros 10 meses), foram capturadas 5 toneladas e faturados 13 milhões de euros.
Em 2016, as lotas receberam 5,8 toneladas de pescado que renderam 15, 4 milhões de euros. Em 2017, 8 toneladas e 22 milhões de euros. Em 2018 7,5 toneladas e 19 milhões de euros. Em 2020 foram cerca de 5 toneladas e 15 milhões euros.
Para o secretário regional de Mar e Pescas estes valores revelam, antes de mais, que “o impacto da crise sanitária no setor das pescas não foi tão elevado quanto se suponha”. Teófilo Cunha diz, no entanto, que “a intervenção atempada do Governo Regional, ao avançar com um apoio financeiro aos pescadores e armadores na ordem dos dois milhões de euros, e o entendimento entre a secretaria regional de Mar e Pescas, a organização de pescadores e armadores e os empresários do setor, contribuíram para atenuar o impacto económico e social”.
Com a abertura da economia, Teófilo Cunha considera “expectável” que o setor “regresse aos valores de antes da pandemia”, nota que os dados agora conhecidos “dão indicações nesse sentido”, e sublinha: “O Governo Regional trabalha todos os dias para melhorar a economia, a vida das empresas, o rendimento dos pescadores mas também de toda a população, criando condições para novos postos de trabalho e melhoria da qualidade de vida.”