A cerimónia acontece num momento de transição política na Câmara Municipal de Lisboa, que marca o fim de 14 anos de gestão socialista, primeiro com António Costa (2007-2015) e depois com Fernando Medina, que perdeu as eleições autárquicas de 26 de setembro para Carlos Moedas (PSD), que estará na sessão solene a convite do presidente da câmara cessante.
Este será o quinto discurso de Marcelo Rebelo de Sousa em cerimónias comemorativas da Implantação da República, na Praça do Município, e o primeiro do seu segundo mandato como Presidente da República, que se iniciou em março de 2021.
No ano passado, a cerimónia decorreu de forma restrita por causa da pandemia de covid-19, e hoje a sessão volta a acontecer no salão nobre do edifício dos Paços de Concelho, ao contrário de edições anteriores, que se passaram ao ar livre, na praça do Município, com muitos convidados. Em 2019, a cerimónia foi simbólica e sem discursos, porque coincidiu com o dia de reflexão para as eleições autárquicas e com o luto nacional decretado pela morte de Diogo Freitas do Amaral.
A cerimónia inicia-se com a chegada do Presidente da República, às 11.00, com a força em parada da GNR a prestar continência a Marcelo Rebelo de Sousa, que se dirige de seguida para a varanda do salão nobre, onde, coadjuvado pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, procede ao ato solene do hastear da bandeira nacional, ao som do hino nacional executado pela Banda da Guarda Nacional Republicana.
O chefe de Estado tem aproveitado esta data histórica para se dirigir aos políticos, com alertas sobre a saúde da democracia.
Em 2020, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a crise provocada pela pandemia seria uma oportunidade para mudar instituições e comportamentos que não deve ser desperdiçada, num discurso em que também deixou uma mensagem contra as ditaduras.
"A recuperação económica durará anos, e mais anos mesmo se for uma oportunidade desperdiçada para mudar instituições e comportamentos e antecipar de modo irreversível o nosso futuro", afirmou então.
Sem especificar a que instituições e comportamentos se referia, o Presidente acrescentou que "essa mudança só valerá realmente a pena se não servir só alguns portugueses privilegiados, mas permitir que se ultrapassem pobreza, desigualdade, injustiça social".
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que as ditaduras não são desejadas em Portugal e que pelo mundo fora não resolveram a atual crise.
"Vamos continuar a agir em liberdade, porque não queremos ditaduras em Portugal", afirmou.
O chefe de Estado acrescentou: "E sabemos que ditaduras por esse mundo fora não resolveram esta crise, e porventura nem sequer a assumiram a tempo e com transparência."