As detenções tiveram lugar na sequência de uma ordem do Ministério Público, depois de ter sido divulgado um vídeo, nas redes sociais, gravado por vizinhos, que mostra como os polícias amarraram a vítima e dispararam sobre o a morte.
A vítima, encontrava-se em casa, quando os polícias chegaram, ameaçaram a família e levaram o jovem para a rua.
Uma vez assassinado, os polícias simularam um confronto e levaram a vítima ao hospital, tendo, segundo a imprensa local, redigido um relatório informando os superiores, que Dimirzon Guzmán Santaella estava armado e que disparou contra os funcionários policiais.
Segundo o Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, os polícias responsáveis pela “execução extrajudicial” vão ser acusados dos delitos de homicídio agravado, agressão agravada e uso indevido de uma arma de fogo.
“O Ministério Público perseguirá e sancionará de maneira exemplar toda ação violadora dos Direitos Humanos (…) não estamos de acordo com o ocorrido, houve uma violação no uso desproporcionado e diferenciado da força”, disse Tarek William Saab durante uma conferência de imprensa em Caracas.
O procurador sublinhou que “de acordo com os princípios básicos sobre o uso da força e de armas de fogo por funcionários, o uso intencional de armas letais só pode ser feito quando estritamente inevitável para proteger a vida”.
Em março de 2021 a Missão Internacional da ONU que investiga violações de direitos humanos na Venezuela, denunciou que as execuções extrajudiciais prosseguem no país, com mais de 200 assassínios cometidos pelas forças policiais desde setembro de 2020.
Numa intervenção no Conselho de Direitos Humanos da ONU, a portuguesa Maria Valiñas, presidente da Missão, citou como exemplo a operação policial de janeiro (de 2021) no bairro de La Vega, na capital, Caracas, “uma das mais letais até à data”, em que participaram 650 agentes e foram perpetrados vários assassínios.
Segundo a ONG Programa Venezuelano de Ação Prevenção em Direitos Humanos (Provea) em 2020 aumentou o número de pessoas mortas em resultado do uso deliberado de força letal pela polícia e militares, principalmente nas chamadas operações de segurança em áreas onde vivem famílias pobres.
A ONG diz ter conhecimento de circunstâncias em que 3.034 pessoas foram assassinadas, um número que “representa um aumento de 44,33% no número de execuções em relação a 2019, quando foram registados 2.102 casos”.