“A relação entre Portugal e Venezuela é esta: nós temos dificuldades, mas temos valorizado elementos positivos da evolução política recente”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, numa entrevista telefónica à Lusa sobre a conclusão da visita de trabalhos a Nova Iorque, onde esta semana se realizou o debate geral e semana de alto nível da Organização das Nações Unidas, a semana diplomática mais importante a nível mundial.
Durante esta semana, Augusto Santos Silva encontrou-se com o novo ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Felix Plasencia, antigo embaixador e vice-ministro que já lhe era conhecido, “para manter este contacto [bilateral], que é sempre muito importante, dada a dimensão da comunidade portuguesa” naquele país da América Latina.
“Nós valorizamos muito o facto de ter sido formado o Conselho Nacional Eleitoral com representantes do governo e da oposição e também valorizamos muito o facto de nas próximas eleições de novembro, que são eleições para governadores e para autoridades municipais, a oposição participar”, explicou Augusto Santos Silva.
Na visão do chefe da diplomacia portuguesa, esses “são sinais positivos para o diálogo político intra-venezuelano”, aos quais se juntam uma missão de observação eleitoral que a União Europeia está a preparar.
A nível da “segurança e bem-estar da comunidade portuguesa e luso-venezuelana”, que o ministro afirmou como “questão número um” na política com Venezuela, Augusto Santos Silva considerou que “tem havido também pequenos progressos”.
Para Santos Silva trata-se de “uma evolução no sentido certo”, de que Portugal toma nota, em afastamento da “linha vermelha” diplomática que se traçava há vários anos.
Durante a semana de alto nível da ONU, em Nova Iorque, o ministro também participou hoje numa reunião bilateral com o México, “um dos principais mercados externos para empresas portuguesas”.
Augusto Santos Silva teve também uma reunião com representantes de Cuba, um país com que Portugal mantém “relações políticas e económicas normais” e de qual o ministro português gosta “de ouvir na avaliação que faz da situação geral da América Latina”.
O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Francisco André, que também integrou a delegação portuguesa na ONU, manteve encontros com vários países das Caraíbas.
Ainda sobre a região da América Latina, o ministro dos Negócios Estrangeiros participou numa reunião informal dos ministros da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), onde o tema central foi a apresentação de candidaturas para o novo secretário-geral.
Segundo Santos Silva, há quatro candidaturas: da Guatemala, Chile, Peru e Equador e a ideia é decidir que candidatura apresentar aos Chefes de Estado até à reunião de ministros a acontecer na República Dominicana no fim de novembro.
Um processo que considerou “exigente”, porque a escolha depende de um consenso entre os 22 Estados-membros.
C/Lusa