Esta nova ronda começa mesmo depois de Caracas ter anunciado que o empresário Alex Saab, que está detido em Cabo Verde a aguardar extradição para os EUA, será integrado como “membro pleno” da delegação que representa o Governo de Nicolás Maduro.
Entre hoje e até 27 de setembro ambas as delegações vão “negociar” sobre o uso de ativos venezuelanos no estrangeiro para programas sociais e modificações ao sistema de justiça da Venezuela, como parte de um diálogo que procura solucionar a crise no país, tendo a Noruega como facilitadora e acompanhado pelos Governos de Rússia e dos Países Baixos.
Segundo o Presidente Nicolás Maduro, a representação governamental terá ainda como ponto central o levantamento das sanções internacionais contra Caracas, o respeito pelo estado constitucional e fazer com que a oposição se mantenha no caminho eleitoral, distanciando-se de recorrer a tentativas de golpe de Estado.
Por outro lado, Gerardo Blyde, chefe da delegação da oposição, insiste que é preciso negociar a reinstitucionalização do país através de um sistema de justiça que seja independente e soberano, que acabe com a impunidade e impeça alegados abusos de poder.
Entre 13 e 16 de agosto, o Governo venezuelano e a oposição realizaram a primeira ronda de negociações no México, que concluiu com a assinatura de um acordo de entendimento manifestando a intenção de chegar a um acordo sobre "as condições necessárias” para a realização de eleições segundo a Constituição, entendendo que é uma necessidade levantar as sanções internacionais”.
Na segunda ronda de negociações, que decorreu entre 3 e 6 de setembro, as duas delegações assinaram dois acordos, sobre a defesa da soberania e a libertação de recursos para enfrentar a crise e a pandemia.
Num comunicado conjunto, explicaram que os acordos parciais tinham como propósito “a ratificação e defesa da soberania da Venezuela sobre a Guiana Esequiba (zona territorial em disputa com a Guiana)” e a “proteção social do povo venezuelano”.
Em 14 de setembro, Jorge Rodríguez, em representação do Presidente Nicolás Maduro, anunciou a inclusão do empresário Alex Saab, que está detido em Cabo Verde a aguardar extradição para os EUA, como “membro pleno” da delegação que representa o Governo nas negociações.
“Informamos à opinião pública da decisão de incorporar o diplomata venezuelano Alex Saab como membro de pleno direito da Delegação do Governo Bolivariano”, disse o presidente da Assembleia Nacional em declarações feitas através da televisão estatal venezuelana.
Jorge Rodríguez explicou ainda que Alex Saab “estava a cumprir funções para obter medicamentos e alimentos para o povo da Venezuela, no meio do bloqueio mais feroz que a história do país conheceu nos últimos 150 anos”.
Considerado testa-de-ferro de Nicolás Maduro, Alex Saab, 49 anos, colombiano, foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas em 12 de junho de 2020, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, ilha do Sal.
A detenção ocorreu com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, quando Sabb viajavam para o Irão em representação da Venezuela, na qualidade de "enviado especial" e com passaporte diplomático.
A sua detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa entre o regime do Presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, que alega as suas funções diplomáticas aquando da detenção, e a Presidência norte-americana, bem como irregularidades no mandado de captura internacional e no processo de detenção.
Washington pede a sua extradição, acusando-o de branquear 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, através do sistema financeiro norte-americano.