“Temos vindo a trabalhar com o governo brasileiro. Há muita vontade de ambas as partes, mas também temos que ter uma preocupação, que é proteger todo o trabalho que fizemos durante estes 18 meses” de pandemia da covid-19, afirmou a secretária de Estado, Rita Marques.
Em declarações à agência Lusa, à margem da 5.ª Conferência Global sobre Enoturismo promovida pela Organização Mundial de Turismo (OMT), que hoje terminou na vila alentejana de Monsaraz, a governante notou que o reconhecimento dos certificados brasileiros é uma questão “complexa”.
“Está a ser trabalhada, mas eles têm vários certificados, não têm um documento como nós temos na Europa, um documento único com um ‘QR Code’ que garanta as questões de segurança, da privacidade”, explicou.
O trabalho bilateral visa encontrar “um registo que promova a entrada destes cidadãos” em Portugal, “mas salvaguardando sempre as questões da segurança”, frisou.
“Até a própria Comissão Europeia tem vindo a fazer esse trabalho, desde logo não só com o Brasil, mas com outros países terceiros, incluindo o Reino Unido”, disse.
Segundo Rita Marques, existe “uma questão política” e “uma vontade política” bem identificadas para que os dois países se possam “reaproximar”, mas ainda há “questões técnicas que têm que ser definidas e resolvidas”.
Além do Brasil, Portugal está “a trabalhar com todos os países terceiros que são importantes” e com os quais existe “uma relação comercial, e não só comercial, forte”, mas sem esquecer as diretivas válidas para os Estados-membros da União Europeia (UE).
“Portugal faz parte da UE, portanto, tem cumprido escrupulosamente todas as regras e recomendações que a Comissão Europeia emana no que toca à segurança sanitária”, frisou.
Ciente da importância que o Brasil tem para Portugal ao nível do turismo, tendo crescido em 2019 “mais de 10%” face a 2018, além de ter “um papel fundamental em gerir a sazonalidade” da atividade turística nacional, a secretária de Estado lembrou que, de momento, estes visitantes podem entrar no país com um teste negativo ao coronavírus SAR-CoV-2.
“Decidimos abrir para o mercado brasileiro mediante a apresentação do teste porque achámos que esta deveria ser a forma mais segura, mais eficiente, mais eficaz para, cumprindo as recomendações da UE, irmos abrindo para mercados importantes, como é de resto o mercado brasileiro”, disse, argumentando que a realização do teste “é um mal menor para a experiência turística” que estes turistas terão em Portugal.
A conferência da OMT que hoje terminou em Monsaraz, no concelho de Reguengos de Monsaraz, começou na quinta-feira e foi promovida com o apoio do Turismo de Portugal e da câmara alentejana.