Em comunicado, a administração diz que a empresa “após ter ultrapassado várias crises durante 56 anos”, sucumbiu à pandemia da Covid-19, “contaminada por um conjunto de situações que foram letais”.
“Esta crise atacou, globalmente, o que de melhor sustentava a sua atividade: o convívio social, os eventos e casamentos, com a elegância, o glamour da alfaiataria por medida e a personalização em que nos especializamos, e o trabalho profissional no escritório, que eram a base fundamental do negócio da Dielmar”, sublinha a empresa.
No comunicado, a empresa sublinha que os últimos 16 meses foram “longos e duros” e que fez “um esforço imenso e solitário” para conseguir sobreviver e manter os atuais cerca de 300 postos de trabalho.
“Por isso, não podemos deixar de dar uma palavra de gratidão os nossos trabalhadores, que estiveram sempre ao lado da empresa e do nosso lado, a lutar diariamente connosco pela sobrevivência da empresa, com um imenso empenho e dedicação”, afirma o conselho de administração.
Sublinha igualmente que a indústria criada pelos fundadores da Dielmar há 56 anos “criou milhares de empregos, formou milhares de pessoas, gerou uma imensa riqueza para a região e para o país e levou o nome de Portugal pelo mundo”.
“Honramos a história da Dielmar e a memoria dos seus fundadores, porque a Dielmar pagou pontualmente até à data os salários aos seu trabalhadores e manteve, durante mais de 5 décadas, a prosperidade e a tranquilidade de muitas famílias em Alcains e nas terras em redor”, lembra.
A empresa lamenta a decisão, frisando que tem ainda “maior preocupação” pois sabe “o quanto a desertificação” afeta a região (Castelo Branco), “que se vê a braços com uma nova e forte redução populacional, conforme o demonstram os recentes censos”.
“Talvez a insolvência da Dielmar seja o alerta e o farol para que possam repensar com caráter de urgência o interior e apoiar as indústrias que ainda aqui existem e que suportam, há décadas, a fixação das pessoas e a economia e equilíbrio social da região. E que proporcionam, sobretudo, oportunidades de trabalho para as mulheres”, sublinha o conselho de administração da empresa.
Pede ainda que sejam tomadas “verdadeiras medidas e iniciativas a favor do interior”, para que todos estes trabalhadores “voltem a poder ter o seu emprego aqui e não tenham que sair da sua terra para trabalhar”.
“Ficam a marca e o ‘know-how’ da Dielmar, as instalações e os equipamentos fabris e a vontade de trabalhar destas gentes que – porventura com a “bazuca” que um dia certamente chegará à economia do interior para promover a retoma – possam ainda ter uma segunda oportunidade e dar mais 50 anos a este projeto empresarial”, realça.
“A insolvência abrirá novas oportunidades que, terão certamente a mobilização e apoio do próprio estado e da autarquia e, poderão proporcionar o ressurgimento da empresa e a manutenção dos seus atuais postos de trabalho”, acrescenta.