“É a continuação de um namoro antigo que agora se consuma numa espécie de casamento”. Foi assim que o presidente do Conselho Diretivo do INSA, Fernando de Almeida, descreveu o novo protocolo.
A colaboração entre as duas instituições não é uma novidade e desde abril de 2020, praticamente no início da pandemia, que a FCG e o INSA colaboram no estudo da diversidade genética do coronavírus, responsável pela Covid-19, mas só agora esse trabalho conjunto é formalizado.
“Para conhecer a diversidade genética do novo coronavírus, para combater a sua propagação, o IGC (Instituto Gulbenkian de Ciência) e o INSA, desde o ano passado que colaboram na sequenciação do vírus e na identificação das suas mutações”, referiu a presidente do Conselho de Administração da FCG, Isabel Mota, durante a cerimónia na Fundação, em Lisboa.
Ao longo desse período, o IGC analisou cerca de duas mil amostras, entre as mais de 12 mil sequenciações recolhidas pelo INSA e é, em parte, esse trabalho que vai ser continuado, mas não se esgota aí.
Além da diversidade genética do SARS-CoV-2, as duas instituições vão também colaborar em estudos sobre a resposta do sistema imunitário a esse vírus e, nesse âmbito, o IGC está desde dezembro de 2020 a acompanhar cerca de 1.800 pessoas vacinadas, dados que serão, depois, integrados numa amostra mais alargada do INSA.
Por outro lado, o protocolo prevê ainda o desenvolvimento de outras iniciativas de caráter científico e clínico, por exemplo, na identificação, proteção e potencial exploração de inovações tecnológicas e de conhecimento científico, na formação pós-graduada e em estágios, e na publicação de trabalhos científicos
Tudo isto, considerou Isabel Mota, “são tópicos críticos para a investigação” e os resultados que vão sendo descobertos “são fundamentais para o sucesso das políticas de saúde”.
Da parte do INSA, o protocolo que foi hoje assinado é o “desenrolar natural” de mais de um ano de colaboração e um exemplo de como essa cooperação entre instituições é essencial.
“Desengane-se quem quer vencer esta pandemia, ou qualquer outra dificuldade, sozinho”, sublinhou o presidente do Conselho Diretivo, Fernando de Almeida, partilhando da visão de Isabel Mota.
“Este caminho só se faz se houver colaboração entre os vários institutos, não há outra forma”, tinha afirmando a presidente da FCG, acrescentando que esse trabalho é particularmente importante “num país que tem boas instituições de saúde, mas cuja dimensão não é muito grande”, como é o caso de Portugal.
O Governo também esteve representado na cerimónia e para o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, a forma como as duas instituições se juntaram é exemplo do tipo de cooperação que espera continuar a ver.
“Esta capacidade de as instituições trabalharem juntas num contexto de crise como foi a pandemia é algo que permitiu vencer esta crise da forma como foi feita e é algo que queremos que se mantenha para o futuro”, afirmou.
E as implicações dessa cooperação não se esgotam no mero conhecimento científico, acrescentou, considerando que daí decorre também “uma melhor capacidade de ter políticas públicas que permitam chegar às pessoas e combater melhor a pandemia”.