“A nossa taxa de recusas, neste momento, ronda os 5%. Não é um valor que seja significativo. O nosso maior problema são os contactos com as pessoas – pessoas que não atendem o telefone ou que têm os contactos desatualizados”, afirmou o presidente do conselho de administração da Unidade de Saúde de Ilha de São Miguel (USISM), Pedro Santos, em declarações à Lusa.
Em Ponta Delgada, estão já a ser chamadas pessoas de 38 anos, sem patologias prioritárias, “porque as pessoas com patologias já foram vacinadas em todos os concelhos”, mas “há concelhos que estão em fases diferentes” e que podem já estar a vacinar pessoas mais novas.
O responsável pela vacinação na maior ilha açoriana, que tem sido mais afetada pela pandemia de covid-19, destaca que as questões demográficas fazem com que os diferentes concelhos micaelenses estejam em fases distintas da vacinação.
“Não podemos comparar um concelho como a Ribeira Grande, que é um concelho com uma população mais jovem, com, por exemplo, um concelho como o Nordeste, que tem a população envelhecida e que, de acordo com os critérios de vacinação dos diferentes Planos Regionais de Vacinação, tiveram diversas fases e foram vacinados os grupos prioritários com idade mais elevada”, detalhou.
Sobre as inscrições voluntárias, o administrador esclareceu que o portal ‘online’ serve para todos aqueles que não estejam inscritos na USISM, “para pessoas que não têm médico de família, ou pessoas que têm patologias e estão a ser seguidas no privado ou no hospital e que, no centro de saúde, a sua base de dados não está atualizada”.
O centro de vacinação de Ponta Delgada, que serve aquele concelho e o de Lagoa, é o que está mais atrasado “por questões demográficas”.
“Não acho que seja um problema, é o concelho que tem maior densidade populacional e, como tal, é o concelho que poderá eventualmente estar um pouco mais atrasado do que os restantes concelhos”, afirmou o responsável.
Quanto aos relatos de pessoas mais novas, sem patologias, que estão a ser vacinadas, Pedro Santos lembrou que foram inoculados, “de acordo com o Plano Regional da Vacinação, os chamados grupos críticos”.
“Só começando pela área da educação, que engloba todos os docentes e não docentes, temos muita gente nova, nomeadamente pessoas com 20 e tal anos. Depois, temos a parte das forças de segurança, IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social], com muita gente nova, são pessoas em idade ativa”.
Foram também imunizados trabalhadores do “setor da saúde privado” e estão agora a “começar com o turismo”.
“Todos estes chamados grupos críticos têm pessoas jovens”, frisou.
O administrador destacou também que “as pessoas podem ter patologias” e não revelarem que as têm.
“A patologia é um critério clínico que é nosso, é individual e é pessoal. A pessoa pode ter uma patologia que não seja visível. Quem garante que esta pessoa, de 20 e tal, ou 30 e tal, ou 40 e tal, que tem patologia, comunica a terceiros que a tem?”
Pedro Santos disse não ter “conhecimento de que haja vacinação indevida, sem ser pessoas com patologias novas e pessoas que pertençam a grupos críticos, e isso são os dados fornecidos pela Direção Regional de Saúde”.
De acordo com o responsável, os casos já identificados estão “sendo tratados pelas devidas entidades”.
Por agora, a USISM está “a fazer tudo para que a meta de 15 de agosto seja conseguida”.
O Governo Regional estima que, entre 31 de julho e 15 de agosto, 70% da população de toda a região esteja imunizada contra a covid-19.
Depois de a ilha do Corvo ter atingido a imunidade de grupo em março, essa meta foi atingida também em Santa Maria, Pico, São Jorge e Graciosa, com a “Operação Periferia”, que vacinou a população das ilhas sem hospital.
A operação chegou também à ilha das Flores, que não atingiu a meta dos 70% devido a várias recusas e faltas de comparência.
Pedro Santos está “muito satisfeito” com o ritmo de vacinação na ilha de São Miguel.
“Neste momento, estamos com uma média de vacinação de 1.600 pessoas por dia. São números que nos orgulham”, disse.
Para que o processo melhore, deixa um apelo “para que as pessoas atualizem os seus contactos e atendam o telefone”.
O arquipélago conta presentemente com 381 casos positivos ativos em seis das nove ilhas açorianas.
São Miguel tem 343 casos positivos ativos, 18 na Terceira, oito no Pico, cinco em São Jorge, cinco nas Flores e dois no Faial.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados nos Açores 6.763 casos positivos de covid-19, tendo recuperado da doença 6.204 pessoas e falecido 34.
Entre 31 de dezembro de 2020 e 8 de julho, foram "administradas nos Açores 250.705 doses de vacinas contra a covid-19" e há "129.190 pessoas com, pelo menos, uma dose (53,21% da população) e 121.515 pessoas com vacinação completa (50,05%)", avança a Autoridade de Saúde Regional.