“A imensa maioria dos profissionais de saúde, para não dizer a quase totalidade, aceitou ser vacinada. Portanto, é um problema que não se coloca no nosso país”, referiu, em declarações à agência Lusa, Miguel Guimarães.
A Lusa falou com o bastonário um dia depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado que a vacinação contra a Covid-19 vai passar a ser obrigatória, a partir de 15 de setembro, para todos os profissionais que trabalham com pessoas frágeis em hospitais e lares, uma decisão também tomada pela Grécia.
Miguel Guimarães referiu que estes dois grupos aceitaram ser vacinados e o número de profissionais de saúde ou cuidadores em lares que rejeitaram a vacina “é um número irrelevante”.
“Tem havido uma adesão muito importante dos profissionais à vacina e eu nem conheço nenhum médico que tenha recusado a vacina, não quer dizer que não haja, mas não conheço”, frisou o dirigente, que acentuou que se na Grécia existe “uma taxa de recusa de 40%, é porque algum trabalho não foi feito” por parte do Governo.
Para o bastonário da Ordem dos Médicos, é necessário ser razoável, apelou para o bom senso e defendeu a necessidade de “educar as pessoas, motivá-las para aceitarem serem vacinadas, porque a vacina é extraordinariamente importante para combater a pandemia, é fundamental para se conseguir rapidamente controlar a situação de uma forma eficaz”.
A obrigatoriedade da vacina contra o novo coronavírus colide com os direitos, liberdades e garantias “consagrados na Constituição” e aplicar a medida a profissionais de áreas específicas “cria iniquidades dentro de vários grupos na sociedade, o que é terrível”, sublinhou Miguel Guimarães.
O importante é transmitir que “a vacina é segura, tem um impacto brutal no curso da pandemia” e reduz bastante a doença grave e a letalidade em caso de infeção.
O bastonário acrescentou que a adesão à vacinação é também importante para se caminhar para a imunidade de grupo, porque só nessa altura a vacina passa a proteger também os outros e não apenas quem a toma.
Miguel Guimarães apontou ainda o dedo à União Europeia (UE), por ter “oscilado entre ter medidas comuns ou cada país fazer o que queria”.
“Não houve um fio condutor, o que é pena. Acho que a UE deve olhar para isto com outros olhos”, sugeriu o representante dos médicos.
Miguel Guimarães alertou que os mais novos parecem ser os “menos motivados para serem vacinados” e entende fazer sentido “desenvolver uma estratégia de comunicação” orientada para os jovens, de forma a incentivá-los a vacinarem-se contra a Covid-19.