Segundo apurou o JN, há mais de dez dias que uma dúzia de tripulantes começou a manifestar sintomas como tosse, dores no corpo, febre e diarreia, entre outros, sem que tenha sido desencadeada qualquer ação de socorro médico pelo armador, José Taveira. Mas só ontem o navio Santa Mafalda, do mesmo proprietário, se aproximou, levando testes que revelaram os casos positivos.
Dois dias antes, quando os sintomas já se tinham generalizado e havia fortes suspeitas de que se tratasse de um surto de covid, como se veio a confirmar, o armador desvalorizou o caso, referindo ao JN que se podia tratar de alguma constipação ou gripe, sem adiantar que medidas estavam a ser tomadas para providenciar assistência aos tripulantes. Ontem, contactado de novo, recusou falar.
Suspeita-se que o foco tenha sido provocado por um tripulante indonésio que esteve anteriormente na embarcação e testou positivo antes de o barco largar rumo ao Canadá. Antes da partida, terá sido efetuada uma limpeza, mas apenas no camarote daquele tripulante.
Atualmente, cerca de uma dúzia de trabalhadores apresenta sintomas. As maiores preocupações recaem sobre um dos tripulantes que não regista melhorias desde que adoeceu e manifesta dificuldades respiratórias.
A maioria dos tripulantes são do concelho de Ílhavo e as famílias estão muito apreensivas.
A Administração Regional de Saúde disse ao JN que "a Saúde Pública de ílhavo e de Aveiro não tem conhecimento da situação", mas o JN sabe que o armador, as autoridades de saúde, Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos e a capitania do Porto de Aveiro têm estado a ser informados da situação.
O JN tem a indicação de que o navio estará a caminho de St. John"s, no Canadá, podendo os tripulantes em pior estado de saúde vir a ser evacuados de helicóptero para receberem tratamento médico.