Documentos da investigação a que a agência Lusa teve hoje acesso indiciam que a alienação de um quarto do capital da Benfica SAD teria sido desenhada de forma a que essa participação ficasse concentrada no empresário agroalimentar, conhecido como “rei dos frangos”, com a promessa de este ficar com as mais-valias geradas pela venda das ações acima dos preços de mercado.
José António dos Santos, conhecido com “o rei dos frangos”, já é o maior acionista individual da Benfica SAD, detendo atualmente mais de 16% das ações, enquanto o autossuspenso Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, detém 3,28% do capital.
O empresário é suspeito de multiplicar empresas e operações financeiras para esconder negócios que seriam de facto controlados por Luís Filipe Vieira.
Pela disponibilização dos 44,7 milhões de euros e também pelos gastos que efetuasse, José António dos Santos poderia ser compensado também, ou em alternativa, através de operações financeiras cruzadas, com a utilizarão de contas bancárias na Suíça e no Dubai.
No processo ‘Cartão Vermelho’, estão em causa, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) factos suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais”.
Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
No mesmo processo foram também detidos Tiago Vieira, filho do Presidente do Benfica, o agente de futebol Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, conhecido como “o rei dos frangos” e fundador do Grupo Valouro-Avibom.
Os primeiros interrogatórios judiciais relacionados com a investigação prosseguem durante o dia de hoje no Tribunal Central de Instrução Criminal.