O anúncio foi dado pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, e pelo secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, arcebispo Paul Gallagher, que se reuniram hoje em Lisboa para analisar também as relações bilaterais e o que ambos podem desempenhar a nível internacional.
Destacando que as relações entre os dois Estados são “excecionalmente excelentes”, Santos Silva salientou, tal como o arcebispo, a conversa “produtiva” mantida com o homólogo do Vaticano a vários níveis, destacando a importância de se avançar com os preparativos da vinda do Sumo Pontífice a Portugal, mas sem adiantar pormenores.
“[Paul Gallagher] é um grande amigo de Portugal. Foi um encontro importante entre a Santa Sé e Portugal, cujas relações são excecionalmente excelentes. Este é o termo certo para usar”, salientou o ministro português, que destacou também o apoio e a cooperação da Igreja Católica portuguesa no combate à dureza da pandemia de Covid-19.
“As relações [com a Santa Sé e com a Igreja Católica] foram reforçadas durante a pandemia, pois foi muito importante para Portugal contar com o apoio e com a cooperação da Igreja Católica portuguesa em muitas das medidas sanitárias que tivemos de tomar para combater a pandemia. Também beneficiamos do trabalho de muitas paróquias em Portugal no apoio social, evitando que a gravidade da crise pudesse ter um impacto negativo na vida das pessoas”, acrescentou.
Santos Silva lembrou o foco que Portugal manteve na Presidência da União Europeia (UE), cujos seis meses terminaram a 30 de junho, nomeadamente na dimensão social da integração europeia.
“Se quisermos ter sucesso nas transições digital e climática, temos de mobilizar as pessoas, de reforçar os nossos mecanismos de proteção social e de acelerar a formação dos jovens e adultos”, realçou o chefe da diplomacia portuguesa, relevando ainda o dossiê das migrações.
“Aprovamos a criação da Agência Europeia de Asilo, mas precisamos de trabalhar ainda mais para que o novo Pacto das Migrações e Asilo possa ser aprovado e contamos com as palavras e com o exemplo do Papa Francisco”, acrescentou Santos Silva, que adiantou ainda ter analisado com Paul Gallagher “vários tópicos” da atual situação internacional, “em que Portugal e o Vaticano são convergentes”, como em Moçambique e em vários países de África e da América Latina, sobretudo na Venezuela, sem, porém, pormenorizar.
Por seu lado, Paul Gallagher, que esteve em Portugal em duas ocasiões no início da década de 2000, congratulou-se com a conversa também “produtiva” com o homólogo português, destacando que as relações bilaterais são “muito saudáveis”, o que permitiu avançar nos preparativos da vinda a Portugal de Francisco.
“Fiquei satisfeito com a grande solidariedade da igreja católica portuguesa demonstrada ao longo da pandemia, designadamente no alívio das dificuldades das pessoas, o que foi, de resto, refletido na Presidência Portuguesa, através da dimensão social, que ainda vai perdurar pelo que têm de fazer mais esforços nesse sentido”, observou.
“Também analisamos dossiês internacionais, áreas de preocupação, em que muitas delas são comuns aos dois países. Há muito por fazer, o mundo está a viver muitos conflitos e cabe a todos nós garantir o empenho na resolução dos problemas. Há muitos perigos, mas também há muitas oportunidades para a comunidade internacional, para a UE e para outras organizações internacionais”, concluiu.