A presença de lixo e espumas à superfície do mar tem vindo a ser referida recorrentemente pelos utentes das praias da frente de mar do Funchal, em particular nos meses de Verão. Para além dos incómodos aos utentes, estas situações não contribuem para o bom estado ambiental das praias de banhos com Bandeira Azul e das outras que são utilizadas pela população residente e visitante.
Com vista a encontrar um método viável e prático para identificar e quantificar a presença de lixo e espumas a flutuar, foi feito um estudo sobre a situação.
Para a realização desta experiência foi utilizada uma embarcação a motor pertencente à empresa Frente de Mar Funchal, que disponibilizou também um skipper (Duarte Silva Gouveia). A equipa, constituída por dois elementos (Elizaveta Akoulina e Filipe França), procedeu à recolha com uma rede dos lixos encontrados, georreferenciando a sua posição com GPS e conservando o material para posterior análise. O mesmo foi feito em relação às espumas.
Foram recolhidos alguns organismos encontrados no lixo a flutuar, tendo sido conservados na coleção do Museu de História Natural do Funchal.
Uma vez na Estação de Biologia Marinha do Funchal, o material colhido foi fotografado e catalogado. A experiência decorreu entre 21 de Julho e 29 de Agosto de 2016, tendo neste período sido efetuadas 10 viagens de monitorização.
Em 80% das viagens efetuadas entre 22 de Julho e 29 de Agosto de 2016 foram encontrados lixos a flutuar e em 70%, espumas. Em 50% das viagens foram detetadas descargas na costa, provenientes de ribeiros e outros efluentes, sendo que em todos os casos as mesmas apresentavam um aspeto de água limpa.
No que respeita aos lixos, foram recolhidos 85 itens, entre plásticos, papel, madeira, lixo médico, vidro e borracha. O plástico foi o material dominante (88%), seguido do papel (6%) e da madeira (2%). Dentro do plástico, os sacos foram os itens dominantes (27%), seguidos das embalagens de batatas fritas e snacks (12%) e detritos com menos de 50cm (12%).
Esta experiência de monitorização, dado o escasso número de viagens e o curto período de tempo, não permite tirar conclusões seguras acerca das condições ambientais do litoral da costa oeste do Funchal, nomeadamente no respeitante ao lixo no mar, presença de espumas e descargas na costa. Provou contudo ser uma metodologia exequível, exigindo pouco meios e que permite fazer uma monitorização adequada da costa.
Na área amostrada (Pontinha – Praia Formosa) não se encontrou uma área com particular incidência de lixo a flutuar, sendo que a sua ocorrência é generalizada. O mesmo se pode referir quanto às espumas, cuja origem não pôde se atribuída a descargas de esgoto. Também não foram detetadas descargas suspeitas na costa, através de ribeiros ou outros efluentes.