Ricardo Costa é o primeiro autor de um estudo que será apresentado no encontro deste ano da Sociedade Fisiológica norte-americana cujas conclusões apontam para os astrócitos como o caminho do SARS-CoV-2 para o cérebro em algumas formas da doença da Covid-19.
Usando métodos moleculares, os investigadores descobriram que “os astrócitos têm potencial para serem infetados pelo vírus porque expressam uma proteína, a ACE2” a que o novo coronavírus se “agarra”.
Apesar de os astrócitos parecerem ser mais resistentes à infeção do que os neurónios, é entre as principais células do cérebro que o vírus se espalha mais facilmente, referiu, porque basta o vírus ultrapassar a barreira dos astrócitos, cuja função é transportar nutrientes da corrente sanguínea e manter partículas nocivas à distância da complexa rede de neurónios.
Uma das hipóteses que colocam, decorrente do trabalho de investigação, é que a suscetibilidade de alguns pacientes a danos cerebrais provocados pela Covid-19 tenha a ver com a sua carga viral, mas parte da equação é “uma questão de probabilidade”.
“Alguns pacientes têm sintomas neurológicos muito graves e nem sequer tiveram muitos sintomas respiratórios, o que é bastante interessante”, notou Ricardo Costa.
Ricardo Costa salientou que o projeto está ainda numa fase muito inicial, depois de ter começado em novembro passado, e que o caminho da investigação será “determinar em mais detalhe os mecanismos” da infeção, o que poderá no futuro permitir “mecanismos terapêuticos, por exemplo, uma nova proteína que esteja envolvida”.