Em entrevista à agência Lusa, o presidente executivo (CEO) da Almadesign, especializada no ‘design’ de componentes na área dos transportes, disse que o Alice Commuter – o primeiro avião 100% elétrico, com capacidade para nove passageiros – poderá estar a voar dentro de dois anos, existindo já mais de uma centena de pedidos de encomenda por parte de vários operadores aéreos regionais, nomeadamente dos Estados Unidos.
Atualmente em fase de testes de voo, a aeronave foi construída pela israelita Eviation Aircraft, mas todo o conceito de ‘design’ dos interiores e da cabina é da responsabilidade da Almadesign, tendo ainda envolvido as portuguesas SETsa (grupo Iberomoldes), a Couro Azul e a Famopol.
Construída em 95% a partir de materiais compósitos, a cabina do Alice acaba de ser distinguida na 14.ª edição do prémio internacional ‘Cristal Cabin Award’, na categoria de ‘Cabin Concepts’, num reconhecimento do interior inovador concebido pela Almadesign, com uma disposição de lugares em forma de espinha de peixe, que coloca os passageiros diretamente em frente das enormes janelas da cabina.
Em estreita colaboração com a Eviaton, a empresa portuguesa quis projetar o que descreve como “o interior da cabina do futuro”, focada na “criação de uma experiência única para o passageiro” e que arrecadou o prémio contra concorrentes de peso como a Boeing e a Virgin Atlantic.
Conforme explicou à Lusa o CEO da Almadesign, Rui Marcelino, o objetivo foi “refletir a inovação de todo o projeto”: Tratando-se do “primeiro avião elétrico de raiz construído em todo o mundo, além de transpirar tecnologia também tem de transpirar confiança e conforto”, salientou.
Este processo incluiu a articulação da empresa portuguesa de ‘design’ com parceiros nacionais de engenharia e prototipagem e com fabricantes de cadeiras, componentes têxteis e revestimentos de cabina, incluindo a definição de iluminação, cores, materiais e acabamentos.
Embora o Alice não esteja ainda em fase de produção, decorrendo atualmente testes de voos e de certificação do protótipo, José Rui Marcelino acredita que “durante os próximos dois anos é provável que já esteja a voar”.
“Estamos a trabalhar naquilo que será a versão de série”, disse à Lusa, revelando estarem ainda “por definir” os fornecedores que serão chamados para a fase de produção, mas considerando que as empresas portuguesas que participaram na conceção do protótipo “ficaram bem posicionadas”.
“Obviamente que a indústria portuguesa, ao participar nestes projetos, fica bem posicionada para participar, depois na própria produção e fornecimento”, reconheceu.
Segundo adiantou, haverá neste momento “umas cento e tal encomendas” por parte de operadores aéreos interessados no novo modelo elétrico, que tem autonomia para cerca de 1.000 a 1.200 quilómetros a uma velocidade de 440 quilómetros/hora, destinando-se por isso a voos regionais.
C/Lusa