Os cibercrimes registaram um aumento de 26,8%, e entre os 318 arguidos constituídos por burla informática, sete ficaram em prisão preventiva, aos quais se somam mais 22 por falsidade e outros três por sabotagem.
Os relatório mostra que houve um aumento acentuado no ‘phishing’ bancário (envio de email para induzir o utilizador a fornecer dados pessoais e/ou financeiros) com recurso ao envio de SMS com um link – bit.ly e ao vishing (chamada telefónica para validar dados ou transferência bancária ilicitamente efetuada), tendo a Polícia Judiciária identificado o grupo organizado responsável pela maioria das situações.
O ransomware (software malicioso) continua a ser a forma de sabotagem informática mais comum, afetando em particular instituições do Estado e pequenas e médias empresas.
As autoridades detetaram também um aumento de casos de extorsão, sob ameaça de divulgação de informação proprietária e/ou privada, com a exigência de pagamentos avultados, por meio de criptomoedas.
O branqueamento de capitais, com recurso ao cibercrime, regista uma “inevitável tendência de crescimento”, com um aumento das ‘Money Mules’ naturais dos Camarões e da Nigéria, mas residentes no espaço Europeu, nomeadamente em França, que se deslocam a Portugal para constituírem sociedades comerciais, com o propósito de branquearem fundos.
Sublinham as autoridades no relatório que “é percetível a apropriação, pelo crime organizado, da utilização de técnicas, de táticas e de procedimentos criminosos típicos de atores estatais, visando formas de enriquecimento ilegítimo e de branqueamento de capitais com recurso a criptomoedas”.
Observa-se também “um aumento da espionagem através de ameaças persistentes, tecnologicamente avançadas, de origem estatal, direcionados a importantes centros de informação do Estado”.
A PJ alerta para o facto da legislação sobre a retenção de dados ser um obstáculo à recolha de prova e sugere regulamentação mais eficaz para a emissão de cartões pré-pagos.
“A emissão controlada e a existência de uma base de dados comum sobre titulares envolvidos em fraude, bastaria para prevenir grande parte das fraudes, permitiria aumentar a eficácia do bloqueio de transações ilícitas, e diminuiria o dano”, propõe.
O relatório revela ainda que houve um aumento dos crimes de exploração sexual de menores ‘online’, sublinhando que a posse, distribuição e venda de pornografia de menores ‘online’ é a que revela maior grau de organização e envolve fluxos entre diversos países.