Além da sua doença de base, estes doentes têm outras comorbilidades como hipertensão, doença cardiovascular, obesidade, tendo um risco acrescido de doença grave e de mortalidade.
Susana Sampaio sublinhou que o risco acrescido para estes doentes, quer pela imunossupressão quer pelas comorbilidades que apresentam, condiciona um aumento da mortalidade por Covid-19 que pode atingir os 30%, dependendo do tipo de transplante.
“É natural que os planos de vacinação vão sendo revistos à medida que vamos tendo mais vacinas, porque também temos a questão da disponibilidade de vacinas, mas na realidade a Sociedade Portuguesa de Transplantação e os colegas que estão na área da transplantação consideram que este grupo deve ser considerado prioritário e incluído na primeira fase de vacinação”, defendeu.
No início deste ano, a Sociedade Portuguesa de Transplantação enviou uma carta à Direção-Geral da Saúde e ao antigo presidente da ‘task force’ que coordena o programa de vacinação contra a Covid-19 a lembrar este grupo de doentes e a solicitar que fosse considerado como grupo prioritário, mas não obteve resposta até ao momento, adiantou Susana Sampaio.
No total, haverá neste momento cerca de 10 mil doentes transplantados com “órgãos sólidos” como o rim, pulmão, fígado coração, disse a médica, considerando que é “uma população relativamente pequena quando comparada com outro tipo de populações”.
Segundo a especialista, todas as unidades têm doentes que foram atingidos pela doença e têm também óbitos.
No âmbito do XV Congresso Português de Transplantação, organizado em formato virtual, que decorreu entre 24 a 26 de março e que contou com cerca de 400 especialistas, foram recolhidos dados preliminares que apontam para “cerca de 4 a 5% de incidência de Covid-19 nos doentes transplantados" e para uma mortalidade de cerca de 7%.