A Madeira vai ceder ao Brasil um equipamento de esterilização de insetos por radioatividade para ser usado no combate ao vírus Zika, informou hoje o Secretário Regional da Agricultura e Pescas.
"Essa máquina é constituída por um material radioativo (cobalto 60) e, portanto, precisa permanentemente de estar a ser monitorizada por funcionários, mesmo estando desativada", explicou Humberto Vasconcelos, frisando que a cedência será a custo zero para a região.
O equipamento encontra-se ainda na Biofábrica, que está desativada.
"Após estudos que fizemos, achámos que não era viável continuar com aquele projeto, devido aos custos e aos prejuízos que a região teve – todos os anos tinha mais de meio milhão de euros de prejuízos -, por aquele investimento ter sido sobredimensionado para a região", explicou.
A Biofábrica começou a funcionar em 1995 e tinha como principal objetivo erradicar uma praga da mosca do Mediterrâneo (Ceratitis capitata), por esterilização, e o projeto decorreu entre os anos de 1995 e 2011, altura em que o ex-secretário regional com o pelouro decidiu encerrar a unidade que ainda hoje se encontra na Camacha, concelho de Santa Cruz.
O projeto de construção e apetrechamento da Biofábrica foi implementado entre 1993 e 2001, ao qual correspondeu um investimento de cerca de três milhões de euros, tendo sido suportados pela União Europeia e orçamento regional.
O transporte vai ser feito pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) depois de o executivo regional considerar que os custos eram altos para o transporte do irradiador Nordion Gammacell 220.
"Estivemos a analisar a possibilidade de enviá-la para o continente através da AIEA e os custos avaliados eram de cerca de 110 mil euros para conseguirmos transportar o material para fora da região e, não tendo disponibilidade financeira, conseguimos fazer um acordo com a AIEA, no sentido de ceder a máquina e eles custearão todo o transporte especial para que possam dar seguimento à sua utilização noutro local", afirmou.
Esse novo local será no Brasil, mais concretamente à Biofábrica Moscamed Brasil, em Juazeiro, no estado da Baía, uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, de interesse coletivo, recentemente cooptada ao controlo da população do mosquito Aedes aegypti.
Esta decisão final ocorre por solicitação da AIEA, já que inicialmente o equipamento iria para Marrocos e porque, "apesar de contactadas para o efeito, nenhuma instituição regional ou nacional que lidasse ou pudesse vir a lidar com aquele tipo de fonte de irradiação demonstrou interesse em receber tal equipamento, ainda que a título não oneroso".