A grande massa de gelo separou-se em 2017 da plataforma de gelo Larsen, na Antártida, e desde então tem sido monitorizada por satélites como o Sentinel-1, do programa Copernicus, e o Cryosat, ambos da Agência Espacial Europeia (ESA), além do Modis, da NASA, agência espacial dos Estados Unidos.
Desde que se separou a taxa média de fusão tem sido de 2,5 centímetros por dia e agora descarrega 767 metros cúbicos de água doce por segundo no oceano à sua volta, o que equivale a 12 vezes o caudal do rio Tamisa, o rio que banha Londres.
Na parte mais grossa o iceberg tem atualmente uma quilha de 206 metros de profundidade, pelo que os especialistas consideram ser “pouco provável” que se aproxime muito mais da ilha até que se desbaste ou se parta.
Dois fragmentos relativamente grandes que se separaram na última segunda feira “são consideravelmente mais delgados”, com quilhas menos profundas, pelo que “representam uma maior ameaça imediata”, de acordo com um comunicado da ESA.
O iceberg tem preocupado os cientistas porque no último mês flutuou perigosamente perto do arquipélago das ilhas de Geórgia do Sul, que tem um ecossistema frágil formado por uma flora e fauna ricas e com pinguins e focas.
A futura trajetória do A-68A depende da profundidade da sua quilha em relação ao oceano à volta, mas devido à sua forma variável não tem sido possível determinar essa trajetória de forma exata.
O arquipélago fica num lugar remoto do Oceano Atlântico Sul, mas está rodeado de águas relativamente pouco profundas, que se estendem por dezenas de quilómetros.
Se a grande massa de gelo se aproximar demasiado poderá acontecer uma “libertação em massa” de água doce no mar à volta, com importantes impactos ambientais.
Cientistas do Centro de Observação e Modelação Polar, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, fizeram a primeira avaliação da mudança de rota do iceberg, inicialmente chamado A-68 quando se separou da Antártida e tinha cerca do dobro do tamanho do Luxemburgo (passou a chamar-se A-68-A quando perdeu um grande fragmento).
As imagens mostram que se reduziu para metade da área inicial de 5.664 quilómetros quadrados, medindo agora 2.606 quilómetros quadrados.
Uma parte importante dessa perda foi através da criação de fragmentos mais pequenos, alguns deles ainda a flutuar.