A ausência de competição desportiva nos escalões de formação devido à pandemia de Covid-19 pode ter custos mais tarde, em termos de saúde pública, alertou hoje o presidente da Confederação do Desporto de Portugal (CDP). Em declarações à agência Lusa, Carlos Paula Cardoso explicou que essa foi uma das preocupações secundadas pelo Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, na reunião que as duas entidades mantiveram hoje com a Direção-Geral da Saúde.
“Não podemos deixar que a ausência de competição desportiva em relação à população mais jovem tenha um efeito pior à posteriori do que se tivesse havido abertura para a prática desportiva desses escalões etários”, disse o presidente da CDP.
A reunião serviu para “trocar impressões sobre um tema que preocupa tanto a CDP como a Ordem dos Médicos” e para, além de chamar a atenção para estas questões, colocar as duas entidades “à disposição uma da outra para continuar a discutir os problemas” à medida que a situação da pandemia de Covid-19 for evoluindo.
“Do ponto de vista desportivo, estamos a perder uma geração porque, nestas idades jovens, de 14, 15 ou 16 anos, há um momento em que não fazendo aquilo naquela altura perde-se o desenvolvimento físico das pessoas”, lembrou Carlos Paula Cardoso.
Outro tema abordado foi o abandono da prática desportiva de “uma elevadíssima percentagem” de jovens devido à ausência de competição, que se “vai repercutir mais tarde. Há um hiato, uma etapa de desenvolvimento que não se verifica naquele momento e que, não se verificando, não é recuperável mais tarde”, frisou o presidente da CDP.
Em comunicado, o CDP refere que presidente “manifestou as suas preocupações” e abordou a questão que considera “premente” da necessidade de “alteração da norma que define o nível de risco de transmissibilidade de cada uma das modalidades”, uma vez que considera que a mesma se encontra “desfasada da realidade”.