“As negociações comerciais acabaram. A UE acabou com elas, dizendo que não quer mudar a sua posição de negociação. Ou a UE muda fundamentalmente a sua posição ou nós saímos [do período de transição] nos termos da Austrália”, afirmou James Slack esta tarde aos jornalistas.
O negociador chefe da UE, Michel Barnier, anunciou na quinta-feira, após o Conselho Europeu em Bruxelas, que tinha pretendia voltar a dialogar com o seu homólogo britânico, David Frost, a partir de sexta-feira e passar a próxima semana em Londres.
“Propus à equipa britânica que negociássemos intensivamente, no pouco tempo que nos resta, para conseguirmos chegar, por volta do final do mês de outubro, ao acordo que todos desejamos. A partir de segunda-feira – e durante toda a próxima semana, fim de semana incluído, se for preciso – estarei em Londres e, na semana a seguir, estaremos em Bruxelas”, disse Barnier.
Mas o porta-voz do chefe do Executivo disse hoje que Barnier só deve viajar se estiver disposto a aceitar um compromisso.
“Só vale a pena Michel Barnier vir a Londres na próxima semana se ele estiver preparado para discutir todas as questões com base em textos jurídicos de uma forma acelerada, sem que o Reino Unido seja obrigado a fazer todos os movimentos”, explicou.
Esta tarde, o primeiro-ministro, Boris Johnson, urgiu as empresas, transportadoras e viajantes britânicos a prepararem-se para uma relação com a UE sem acordo a partir de 2021, tal como acontece com a Austrália.
“Tendo em conta que eles [UE] se recusaram a negociar seriamente durante a maior parte dos últimos meses, e dado que o Conselho parece excluir explicitamente um acordo do estilo do Canadá, concluí que devemos preparar-nos para no dia 01 de janeiro termos que são mais parecidos com os da Austrália, baseados em princípios simples de comércio livre global”, afirmou.
Nas conclusões adotadas durante a cimeira relativamente ao ‘Brexit’, publicadas na quinta-feira, o Conselho Europeu “apela aos Estados-membros, instituições europeias e todos os intervenientes, para aumentarem a preparação a todos os níveis e para todos os tipos de cenários, incluindo o de ‘no-deal’ [cenário em que a UE e o Reino Unido não chegariam a um acordo comercial pós-‘Brexit’]”.
Os principais pontos de discórdia continuam a ser as condições de concorrência entre empresas, pescas e um mecanismo para se revolverem conflitos na aplicação do acordo que a UE exige para desbloquear um acordo que permita o acesso britânico ao mercado único europeu sem quotas nem taxas.
O Reino Unido saiu da União Europeia em 31 de janeiro de 2020. Em conformidade com o Acordo de Saída, é agora oficialmente um país terceiro, pelo que já não participa no processo de tomada de decisão da UE.
Por comum acordo, a UE e o Reino Unido decidiram, contudo, estabelecer um período de transição, que termina em 31 de dezembro de 2020.