Em conferência de imprensa, Carlos Cabecinhas avançou que “até ao final de setembro, o santuário teve uma quebra de receitas de 50,6% e a quebra dos donativos, neste mesmo período, foi de 46,9%”.
“Sem peregrinos, obviamente que perdemos também receita e, no final deste ano, teremos certamente um resultado negativo”, frisou.
Segundo o reitor do Santuário de Fátima, “o ano de 2020 tem sido um dos mais difíceis, sem peregrinos e com uma diminuição drástica do fluxo de trabalho”.
“Este ano, entre março e agosto, tivemos o cancelamento de 436 grupos que estavam inscritos. Entre outubro e novembro, temos apenas 97 grupos inscritos”, lamentou, lembrando que, no ano passado, só em outubro, houve 733 grupos inscritos.
Com a consciência de que os recursos não são inesgotáveis, o Santuário de Fátima avançou com um plano de reestruturação, que “está em marcha desde meados do ano” e culminou em “14 acordos amigáveis de rescisão”, segundo Carlos Cabecinhas.
“Para evitarmos despedimentos, tivemos de equacionar ajustamentos e isto levou a que procurássemos soluções para salvaguarda da instituição, mas tendo sempre um horizonte de responsabilidade social”, garantiu.
Também o bispo da diocese de Leiria-Fátima, António Marto, recusou falar em despedimentos.
“Não houve nenhum plano para fazer despedimentos, houve um plano de reestruturação para uma gestão rigorosa em tempos de emergência”, garantiu o cardeal aos jornalistas.
De acordo com Carlos Cabecinhas, “os acordos amigáveis surgiram sempre por iniciativa dos próprios colaboradores”.
“Fizemos primeiro reuniões com grupos, para que ninguém se sentisse diretamente pressionado, e foi sempre o próprio o colaborador a ter de manifestar-nos o desejo a aderir, ou não, a esta proposta”, contou.
Ao longo do ano, o Santuário de Fátima registou também “a passagem de quatro funcionários à reforma, 15 demissões por iniciativa do trabalhador e 18 não renovações de contratos a prazo a termo certo”, parte das quais de estudantes que trabalhavam a tempo parcial.
O reitor reconheceu que são “tempos difíceis para todos” e que a falta de peregrinos afeta não só o santuário, mas “toda a vida da cidade de Fátima e suas imediações”.
“Temos procurado estar atentos às situações de carência e aumentámos em 60% os apoios sociais a pessoas e famílias”, referiu.
Estes apoios e outros a instituições de solidariedade social “totalizam cerca de 800 mil euros”, número que não inclui os apoios que o santuário dá à Igreja em Portugal, acrescentou.
C/Lusa