O reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, revelou hoje que, apesar de não existir “um padrão único”, a maioria das faculdades da instituição vai optar por um modelo de ensino combinado no próximo ano letivo.
“Naturalmente que, sendo a Universidade do Porto (UP) uma instituição completamente multidisciplinar (…) as realidades são muitas diversas”, afirmou António de Sousa Pereira.
Em declarações à agência Lusa, o reitor da UP adiantou hoje que, em termos gerais, foi dada a indicação para que as 14 unidades orgânicas optassem pelo “maior número de atividades presenciais possíveis”, dando especial privilégio aos estudantes do 1.º ano de licenciatura.
Se, por um lado, existem cursos onde a componente laboratorial é “extremamente importante”, como é o caso da Faculdade de Farmácia e da Faculdade de Ciências, noutros, a componente oficinal, como é o caso da Faculdade de Belas Artes e Arquitetura, também “não se faz à distância”.
No entanto, foram os múltiplos cursos na área da saúde, como é o caso da Faculdade de Medicina e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, que colocaram “problemas extremamente complexos”, nomeadamente, por partilharem espaços com duas estruturas hospitalares (Hospital de São João e Hospital de Santo António) que “tratam massivamente doentes com Covid-19”.
“Mesmo nesses casos estão previstas atividades presenciais, com muitas limitações, com normas de segurança apertadas e equipamentos de proteção individual muito sofisticados. Mas isso também é uma oportunidade, ensinarmos os futuros médicos a trabalharem em contexto de pandemia. Não nos podemos descurar dessa função”, sublinhou António de Sousa Pereira.
Apesar de não existir um “padrão único”, a maioria das instituições vai optar por um regime de ‘blended learning’, ou seja, ensino combinado e lecionando tanto à distância como presencialmente, sendo esse o caso da Faculdade de Economia, Engenharia, Educação, Nutrição, Letras, Psicologia e Direito.
Também a Faculdade de Desporto vai funcionar nesse regime, mas aproveitando o espaço exterior para lecionar as atividades presenciais, pelo menos enquanto “não chega o mau tempo”.
“Diria que não há um padrão único. Por exemplo, há situações em que as aulas teóricas que juntam um grande número de estudantes vão ser dadas maioritariamente à distância e as aulas práticas e teórico-práticas presencialmente”, explicou.
À Lusa, o reitor afirmou que todos os planos e medidas adotadas pelas unidades orgânicas estão “organizadas para correr bem”, mostrando-se preocupado não com as faculdades, mas com as suas envolvências.
“A minha preocupação não é propriamente com a universidade, mas com o que a envolve. Dentro da universidade conseguimos que os estudantes desinfetem as mãos, usem máscaras e mantenham as distâncias de segurança, mas depois, o que se passa em redor da universidade, nós não controlamos”, afirmou.
E acrescentou, “é humanamente compreensível que os jovens tenham as suas necessidades sociais. Espero que cumpram as regras dentro da universidade, mas sobretudo, fora”.