Num comunicado, o negociador-chefe britânico, David Frost, criticou os 27 por quererem impor ao Reino Unido continuidade nas políticas de apoios estatais e pescas em Londres e por quererem um acordo sobre esses pontos antes de avançar em outros assuntos.
"Isso torna desnecessariamente difícil fazer progressos. Existem outras áreas importantes que ainda precisam ser resolvidas e, mesmo naquelas em que existe um amplo entendimento entre os negociadores, há muitos detalhes que precisam de ser trabalhados. O tempo é curto para ambos os lados”, criticou.
Frost considerou que um acordo "ainda é possível”, mas que “não será fácil” e que ainda falta muito trabalho.
O Reino Unido pretende negociar um acordo de comércio com a UE semelhante ao que o bloco fez com o Canadá, juntamente com disposições práticas para cooperação em áreas como aviação, programas científicos e ao nível jurídico.
"Quando a UE aceitar esta realidade em todas as áreas das negociações, será muito mais fácil fazer progressos”, vincou.
O negociador-chefe da União Europeia para as relações futuras com o Reino Unido no pós-‘Brexit’, Michel Barnier, afirmou-se “desiludido e preocupado” com a sétima ronda negocial, culminada hoje em Bruxelas, mais uma vez sem progressos.
“Aqueles que esperavam uma aceleração das negociações esta semana ficarão desiludidos. Francamente, pela minha parte, estou desiludido e preocupado, e até um pouco surpreendido, porque o Primeiro-Ministro britânico, Boris Johnson, disse-nos em junho que queria acelerar os trabalhos durante o verão. Mas esta semana, tal como na ronda de julho, os negociadores britânicos não mostraram qualquer vontade de progredir em questões fundamentais para a UE”, declarou, numa conferência de imprensa na sede da Comissão Europeia, em Bruxelas.
Michel Barnier lamentou que, “apesar de toda a flexibilidade” demonstrada pela UE nos últimos meses para “trabalhar nas três linhas vermelhas” traçadas por Boris Johnson para esta negociação – o papel do Tribunal de Justiça da UE, sobre a autonomia legislativa do Reino Unido e sobre as pescas -, ainda não tenha observado “uma preocupação recíproca”, do lado britânico, com as matérias prioritárias para os 27, que, sublinhou, “são as mesmas desde 2017”.
As negociações deverão ser retomadas em 07 de setembro em Londres, cada vez mais perto do prazo estimado de outubro para um possível acordo poder ser ratificado a tempo por todos os 27 Estados membros e Parlamento Europeu.
O Reino Unido saiu da UE em 31 de janeiro, mas as regras europeias continuam a ser aplicadas até 31 de dezembro, fim do período de transição.
Na falta de um acordo de livre comércio, a partir de 2021 serão aplicadas as regras da Organização do Comércio do Comércio, o que a aplicação de controlos e taxas aduaneiras.