Numa declaração, o rei emérito de Espanha explica que enviou hoje uma carta ao filho comunicando a decisão, que garante que tomou “com profundo sentimento, mas com grande serenidade”.
Juan Carlos diz que pretende facilitar o exercício das funções de Filipe VI, pelo que deixará de viver no Palácio da Zarzuela e sai de Espanha, perante “a repercussão pública” de “certos eventos do passado”.
“Fui rei de Espanha durante quase 40 anos e, em todos eles, sempre quis o melhor para Espanha e para a coroa”, disse o ex-chefe de Estado através de um comunicado divulgado pelo Palácio da Zarzuela, acrescentando que não quer dificultar a vida de Filipe VI, permitindo-lhe “a tranquilidade e o sossego” que requerem as suas funções.
“O meu legado e a minha própria dignidade como pessoa exigem isso de mim”, acrescenta Juan Carlos no comunicado.
O Palácio de Zarzuela já anunciou que Filipe VI transmitiu ao seu pai “sincero respeito e gratidão por esta decisão”.
Na resposta, segundo o comunicado da Zarzuela, Filipe VI refere que “o rei enfatiza a importância histórica do reinado do seu pai, como um legado e trabalho político e institucional de serviço à Espanha e à democracia; ao mesmo tempo, deseja reafirmar os princípios e os valores sobre os quais se baseia a Constituição”.
A decisão de Juan Carlos acontece quatro meses depois de Filipe VI ter privado o seu pai de uma subvenção pública de quase 200.000 euros anuais, enquanto renunciava a qualquer herança que pudesse corresponder às suas contas no estrangeiro.
Juan Carlos viu-se envolvido numa investigação judicial, desde o verão de 2018, quando agentes da polícia suíça foram enviados por um juiz para analisar as contas de uma empresa gestora de fundos alegadamente ilegais em paraísos fiscais, onde o rei emérito tem investimentos pessoais.
O antigo rei de Espanha não está a ser investigado, mas fontes judiciais suíças já disseram que pode vir a sê-lo num futuro próximo, embora a lei exija que apenas o departamento fiscal do Supremo Tribunal possa assumir o caso.
A investigação está na fase que pode determinar se há indícios suficientes para poder acusar Juan Carlos de ter cometido algum delito, desde que deixou o trono. Os seus advogados já disseram que o rei emérito continuará a colaborar com a justiça, apesar da decisão de deixar Espanha para viver noutro país.