“O padre Mário Tavares viveu afirmando objetivos de justiça social, defendendo a libertação dos explorados e os direitos dos mais pobres”, lê-se na nota distribuída pelo PCP/Madeira sobre a morte daquele sacerdote, aos 85 anos, vítima de doença prolongada.
Os comunistas madeirenses recordam que Mário Tavares foi deputado eleito pela CDU à Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, tendo exercido o seu mandato entre 1992 e 1996.
Também integrou as listas de candidatos ao município de Câmara de Lobos, em 1996 e à Junta de freguesia do Estreito, tendo pertencido à sua Assembleia de Freguesia.
Mário Tavares era natural da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, onde nasceu no dia 24 de julho de 1934, e teve nomeação paroquial na Diocese do Funchal, nas paróquias de Machico, da Ribeira Brava, do Santo da Serra e do Arco de São Jorge, antes de ser nomeado Capelão Militar.
Na mesma informação, o PCP/Madeira recorda que depois de ter estado como capelão militar na Guiné, entre 1966 e 1969, foi nomeado para a nova paróquia de São Tiago, no Jardim da Serra, onde permaneceu ao longo de 23 anos (1969-1992).
Também foi professor de Português em escolas da Madeira e “em cada um dos lugares em que esteve ao serviço do povo deixou como marca indelével a promoção da condição humana, a edificação de projetos para a dignificação da humanidade, para a emancipação humana e social do povo”.
O PCP/Madeira salienta que, na freguesia do Jardim da Serra, este sacerdote é “uma referência incontornável da história e das lutas daquele povo serrano, desde a fundação da paróquia, à luta pela escola pública, na reivindicação do serviço público de saúde, nas pioneiras iniciativas de planeamento familiar, de valorização da infância e da juventude, nas jornadas pela edificação de equipamentos e projetos de desenvolvimento humano e social”
O partido ainda menciona que a “Cooperativa de Produção e Consumo LIBERDADE”, no Jardim da Serra, “é um dos projetos indissociáveis da vida de Mário Tavares, e é ainda hoje em Portugal um dos exemplos de persistente resistência na criação de alternativas económicas ao serviço de um novo modelo de desenvolvimento e progresso social”.
Os dirigentes comunistas consideram “marcante a sua trajetória na consciência progressiva da libertação da colonia”, argumentando que este processo “significou séculos de subjugação e de subserviência do povo desta região insular, representou tempos de uma brutal exploração nas piores condições de vida, correspondeu à prolongada institucionalização da injustiça social na Madeira e no Porto Santo”.