“Tinha planeado jogar o Mundial este ano e deixar a seleção. Sei que há muita gente que não está de acordo, como o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), mas esta aposta na formação é para alguma coisa”, revelou.
O ala português de 34 anos, que está de saída da equipa espanhola do Inter Movistar após sete épocas consecutivas para reforçar os franceses do ACCS Paris na próxima época, falava durante o programa em direto ‘Futsal Talks’, do comentador de futsal Rui da Cruz, transmitido na rede social Instagram.
Ricardinho confessou o desejo em se sagrar campeão mundial por Portugal, após o Europeu conquistado em 2018 na Eslovénia e, apesar do adiamento da prova para 2021, garantiu “não conseguir abandonar a seleção sem tentar chegar a esse sonho”.
O jogador explicou ter a intenção de jogar o Mundial e retirar-se, admitindo ainda estar apreensivo por chegar à prova “um ano mais velho” do que contava.
Sobre a vontade em retirar-se da seleção orientada por Jorge Braz, Ricardinho realçou que quer jogar enquanto se sentir “útil”.
“Tenho que ser eu a sentir-me útil, não é o treinador. Que me adianta ir à seleção por ser útil para dois minutos, se sinto que posso jogar mais e esses dois minutos podem ser dados a um jogador da formação”, sublinhou.
Ainda sobre a seleção nacional e confrontado por Rui da Cruz com a estatística de ser o melhor marcador, Ricardinho confessou que apenas não quer ‘bater’ o recorde de 208 internacionalizações do antigo internacional Arnaldo Pereira.
“É fantástico, com goleadores máximos como André Lima, Joel Queirós ou Cardinal, ser o goleador da seleção com 139 golos, mas não gostaria de passar o Arnaldo no número de jogos, pois acho que ele merecia mais por parte da FPF”, apontou.
Ricardinho contou que na final do Europeu em 2018 o antigo capitão da seleção e jogador do Benfica, Arnaldo Pereira, estava no meio do público “com um bombo” a apoiar e lhe tinha dito que se não fosse o próprio a levantar um troféu por Portugal, seria ele.
Ainda sobre o futsal português, o ala de 34 anos ex-Benfica referiu que vê o ‘jogador português’ muito “acomodado”.
“Se, por exemplo, um jogador recebe mil euros em Portugal e tem uma proposta da Roménia de três mil euros, e vai falar com o clube em Portugal e lhe dão 1250 euros, ele fica em casa”, apontou.
E acrescentou: “No desporto não há zonas de conforto. Fui para o Japão [em 2010] para batalhar, para ganhar dinheiro e enviá-lo para casa, para ajudar a minha família que tinha dificuldades”.
Sobre a eventual criação de uma equipa de futsal por parte do FC Porto, uma das propostas de um dos candidatos à presidência do clube, Nuno Lobo, o internacional português disse desconhecer a intenção, mas pode ser “boa”.
“Espero que sim, seja qual for o presidente do FC Porto. Tive a oportunidade de falar algumas vezes com o Vítor Baia, que integra a lista do atual presidente Pinto da Costa, e ele sempre disse que gostaria de ter futsal no clube”, revelou.
Ricardinho considerou ser “bom para o futsal português” a entrada de mais um ‘clube de camisola’ e por ser “mais uma porta de trabalho aberta” e “valorizar mais o futsal no norte”.
O jogador natural do concelho de Gondomar, no distrito do Porto, recusou, no entanto, que pudesse mudar-se para um eventual projeto do FC Porto por ter assinado um contrato “de três, quatro anos com o ACCS Paris” e estar num projeto de futuro.
Ricardinho assinou em janeiro um contrato até ao final da época 2022/2023 com o clube parisiense, que foi declarado pela primeira vez campeão francês, após o cancelamento da prova que liderava devido à pandemia de Covid-19.
O título inédito permite ainda ao ACCS Paris de se estrear na Liga dos Campeões na próxima temporada.