André da Cunha lamentou o desfecho comunicado aos clubes após o governo ter deixado o râguebi de fora dos planos de retoma da atividade desportiva, devido à pandemia de Covid-19, mas assegurou que os azuis aceitaram “de imediato” as instruções da Federação Portuguesa de Râguebi (FPR), deixando nas mãos do organismo a decisão de atribuir ou não o título de campeão.
“Aceitaremos o que for decidido. Queríamos ganhar em campo, mas não sendo possível, cabe à FPR decidir. Se nos for atribuído o título, nesse sentido, até será uma vitória que sabe a pouco”, comentou o dirigente máximo da secção de râguebi do clube do Restelo, que à data de interrupção do campeonato, a quatro jornadas do final, liderava o grupo de acesso às meias-finais com mais nove pontos do que o Técnico.
A posição do clube do Restelo é contrária à dos engenheiros, que apelaram na sexta-feira à FPR para elaborar um plano de contingência que permitisse, ainda, retomar a competição nos moldes aprovados e sugeridos ao organismo, em 24 de abril, numa carta assinada pelos presidentes de oito dos 12 clubes da Divisão de Honra, incluindo todos os envolvidos no grupo do título.
A Lusa contactou os líderes dos seis clubes que pretendiam avançar para uma decisão do título em três jornadas, compostas por quartos-de-final (disputados pelos clubes do terceiro ao sexto lugar), meias-finais e final, e constatou uma divisão de posições: Técnico, CDUL e Cascais são a favor de concluir o campeonato, enquanto Belenenses, Agronomia e Direito aceitam o ponto final na competição.
“A carta enviada à FPR, em 24 de abril, era uma proposta para terminar o campeonato apenas caso as entidades superiores considerarem haver condições de saúde pública para isso. A partir do momento em que o governo e a Direção-Geral da Saúde decidiram que não há condições, a decisão é para acatar”, esclareceram, de forma perentória, os presidentes de Agronomia, António Sevinate Pinto, e de Direito, Luís Lança de Morais.
Já o Técnico reagiu negativamente à nota enviada pela FPR às redações, no sábado, na qual rejeitava que o organismo ou o seu presidente tivessem tomado qualquer decisão a título individual e reiterava que se limitou a "acatar as decisões do governo”.
“É apenas uma resposta atabalhoada a uma entrevista nossa, onde se reafirma que não há campeonato e que a iniciativa foi do governo. De facto, o râguebi não foi incluído [pelo executivo] apenas porque não apresentou para discussão o seu plano de retoma, contra a vontade dos clubes”, conclui o comunicado assinado pelo presidente dos engenheiros, Pedro Lucas.
A posição do Técnico é secundada pelos homólogos de CDUL e Cascais, que asseguraram à Lusa que estão prontos para “discutir o campeonato dentro do campo”.
Pelos universitários, Joaquim Meirelles justificou a posição com uma “estrutura semiprofissional custosa” e com o facto de “nunca ter sido dito que não haveria competição”, enquanto, pelos cascalenses, José Maria Vilar Gomes referiu que “os campeonatos devem decidir-se jogando”.
As medidas de retoma da atividade desportiva anunciadas na quinta-feira deixaram de fora o râguebi e todas as outras modalidades coletivas, com exceção da I Liga e da Taça de Portugal de futebol, precipitando o final dos campeonatos nacionais seniores da modalidade.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 243 mil mortos e infetou mais de 3,4 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Portugal contabiliza 1.023 mortos associados à Covid-19 em 25.190 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado no sábado.
C/Lusa