Entre os portugueses que vão ser repatriados está Jerónimo Neves, natural de Vila do Conde, que viajou para Caracas em 11 de março e tinha regresso marcado para 15 de março, data em que a Venezuela já tinha suspendido os voos e encerrado as fronteiras.
“Somos seis pessoas, cinco da família e um amigo. Fomos agarrados aqui por uma situação muito triste, lamentável” disse Jerónimo Neves à Lusa, explicando que um dos seus filhos, que estava de férias na Venezuela, morreu de surpresa e tiveram que esperar pelos familiares para fazer a cremação.
Jerónimo Neves explicou que inicialmente tinham o voo de regresso para Portugal previsto para 15 de março, na Ibéria, via Madrid, mas foi cancelado e tiveram que comprar novos bilhetes para a Air Europa, que também cancelou o voo.
“Nós pagámos duas vezes o regresso, mas não acredito que as companhias nos reembolsem o dinheiro. Talvez nos deem um tempo para fazer o voo”, afirmou, sublinhando que os cidadãos portugueses não estão em condições de assumir mais gastos financeiros.
Jerónimo Neves explicou que é diabético e hipertenso e que levou medicamentos para apenas os quatro dias da viagem, tendo dificuldades em conseguir localmente o que precisa.
Estes seis portugueses estão na cidade de Maracay (110 quilómetros a oeste de Caracas), Estado de Arágua, e entre eles está uma enfermeira e uma hospedeira de bordo que temem perder os seus empregos em Portugal.
Luísa Neves, enfermeira, explicou que conseguiram gasolina e um salvo-conduto das autoridades locais para viajar para Caracas, uma vez que, como o país está em quarentena, está proibida a circulação entre estados do país.
Segundo a mesma fonte, contam com a documentação necessária para transportar as cinzas do primo, estando a aguardar o voo, previsto para terça-feira, com a esperança de não perder o emprego.
Na Venezuela, país onde vive uma numerosa comunidade portuguesa, existem 70 casos confirmados de pacientes infetados com o novo coronavírus.
O país está desde 13 de março, em “estado de alerta”, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.
O “estado de alerta” foi decretado por 30 dias, prorrogáveis por igual período.
Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.
Desde segunda-feira que os venezuelanos estão em quarentena, estando impedidos de circular livremente entre os vários estados da Venezuela.