"Para acautelar a proteção do lobo-marinho nas Desertas vai ser proibida a colocação de covos (espécie de cesto em funil para apanhar peixe) para não continuarmos a perder crias que ficam presas nos covos", anunciou Miguel Albuquerque, na sessão comemorativa do Dia do Vigilante da Natureza, que decorreu na Quinta Magnólia, no Funchal.
O presidente do Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, anunciou ainda a implementação de medidas contra os gatos selvagens nas serras do Poiso e do Areeiro em defesa da freira-da-madeira, uma espécie de ave que nidifica na região, havendo apenas 80 casais contabilizados.
"Nós só temos neste momento 80 casais de uma ave que é única no mundo, uma espécie que está em vias de extinção e que só nidifica na Madeira e está sob a ameaça dos gatos selvagens. As pessoas têm os gatos, largam os gatos nas serras, os gatos comem as crias das freiras e neste momento nós temos que colocar armadilhas para preservar a população e salvaguardar esta espécie única", observou.
"É evidente que vamos fazê-lo em termos do bem-estar animal", acrescentou.
Miguel Albuquerque elogiou o trabalho dos vigilantes da natureza na preservação do património natural terrestre e marinho, lembrando que, na Madeira, 75% do mar e 66% do território têm proteção.
O Corpo de Vigilantes da Natureza é presentemente composto por 36 elementos, que asseguram uma vigilância em permanência (365 dias/ano) nas áreas protegidas marinhas e terrestres de todo o arquipélago.
Da sua atividade de fiscalização, vigilância e apoio à conservação, o Governo releva o facto de garantirem a soberania de Portugal nas ilhas Selvagens, a conservação e vigilância da floresta Laurissilva, Património Mundial Natural da UNESCO, e ainda a conservação da freira-da-madeira, ave marinha endémica que chegou a ser considerada extinta na década de 1960.
O executivo realça ainda o sucesso de vários projetos de monitorização e conservação de espécies ameaçadas, como o lobo-marinho, a freira-do-bugio ou a tarântula-das-desertas.
Os trabalhos de conservação do lobo-marinho iniciaram-se em 1988 e levaram à criação da Área Protegida das Ilhas Desertas, em 1990, que passou a Reserva Natural em 1995. O lobo-marinho é a foca mais rara do mundo e uma espécie considerada em perigo crítico.
C/LUSA