O grupo parlamentar do PCP na Assembleia Legislativa da Madeira anunciou hoje que vai apresentar uma moção de censura ao executivo regional de maioria do PSD para dar voz aos que protestam pelo "desnorte" na governação de Miguel Albuquerque.
"O PCP apresentará a moção de censura para dar voz ao descontentamento cada vez mais generalizado da sociedade. A Saúde foi o ponto de partida", afirmou a deputada comunista Silvia Vasconcelos em conferência de imprensa.
"As novas convulsões na Saúde e as mais recentes demissões no setor assumem um alcance político e um especial significado que não podem ser abafados, nem minimizados", refere o texto da moção de censura do PCP da Madeira.
Na quinta-feira, na sequência da demissão da direção clínica do hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, anunciou, após a reunião do Conselho do Governo Regional, a nomeação de uma nova presidente do Conselho de Administração do Serviço Regional de Saúde, Maria João Monte para substituir Ligia Correia.
O chefe do executivo madeirense atribuiu, no entanto, a demissão da direção clínica do Serviço Regional de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM) à falta de diálogo entre os organismos que gerem o setor e não à alegada falta de fármacos, de condições de trabalho, de pessoal e de equipamentos.
"Neste momento, as políticas [de saúde] não estão em causa, mas é evidente que ainda temos restrições financeiras e é preciso aplicar muito bem o dinheiro", afirmou Miguel Albuquerque, vincando que o governo aposta na racionalização dos gastos públicos e na existência de um diálogo entre o Instituto de Administração de Saúde e Assuntos Sociais (IASAUDE), o SESARAM e a direção clínica.
O PCP da Madeira considera que "mais do que uma questão de saúde" na região, "há um problema de governação", no arquipélago, acrescentando que "o descontentamento público de agora não corresponde a um problema setorial, é um problema de política regional".
Segundo o grupo parlamentar do PCP na Assembleia Legislativa da Madeira, "em vez de pacificação do setor da Saúde [na Madeira], hoje há o desnorte, o descrédito, a confusão, quando faltam medicamentos quando se agravam os problemas no acesso aos cuidados de saúde, quando cresce o descontentamento popular face ao desgoverno, quando alastra o desagrado de diversos setores socioprofissionais".
"A moção de censura poderá não derrubar o Governo Regional. Mas, certamente constituirá a mais forte ocasião para a denúncia do desgoverno atual e para a exigência de uma alternativa política", disse o deputado comunista madeirense Ricardo Lume lendo o texto do documento que será entregue na segunda-feira no parlamento insular.
A deputada Silvia Vasconcelos, que pertence à Comissão Parlamentar da Saúde, salientou ainda ter visitado e contactado várias estruturas neste setor, sendo constantes as queixas pela falta de meios e outros equipamentos, insistindo não ser "um problema de pessoas, mas de polícias", pois considerou que, muitas vezes, os profissionais "tem feito omeletes com muito poucos ovos".