Segundo um relatório que foi divulgado hoje em Bruxelas, cerca de 600 mil utentes não tinham médico de família no início deste ano.
De acordo com o relatório de 2019 sobre a Situação da Saúde na UE, "a esperança de vida em Portugal aumentou substancialmente na última década", nomeadamente com a redução da taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares, com Portugal a registar uma média de 81,6 anos (em 2017) acima dos 80,9 da UE. A disparidade entre homens e mulheres era de 6,2 anos, acima da média europeia (5,2).
Apesar da diminuição da mortalidade, os acidentes vasculares cerebrais e a doença cardíaca isquémica são as principais causas de morte, em Portugal, seguindo-se a pneumonia, cancro do pulmão e cancro colorretal.
As conclusões sobre Portugal indicam também que, considerado os fatores de risco a que são atribuídos um terço as mortes, em Portugal, os alimentares surgem em primeiro lugar, com 14% (UE 18%), seguindo-se o tabagismo, com 12% (UE 17%), o consumo de álcool, com 11% (UE 6%) e o pouco exercício físico, com 3%, em linha com a média da UE.
No que respeita ao acesso à saúde, o relatório conclui que Portugal "tem um bom sistema de cuidados primários, capaz de manter os doentes fora dos hospitais quando isso se justifica" e que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é universal.
O número de médicos de família tem aumentado desde 2016, mas cerca de 600 mil utentes do SNS "não se encontravam inscritos em médico de família, em inícios de 2019", o que representa 5,8% da população.
O número de médicos e enfermeiros em Portugal tem aumentado de forma constante desde 2000, com cinco médicos habilitados por cada 1.000 habitantes em 2017, acima da média de 3,6 da UE, mas que inclui "todos os médicos habilitados, mesmo aqueles que já não exercem a profissão".
O pessoal de enfermagem (6,7 por cada 1.000) está abaixo da média da UE (8,4), não obstante os números terem aumentado na última década.
O número de camas de hospital por mil habitantes é de 3,4 por mil habitantes, inferior ao da média da UE (5,1 por mil).
Em 2017, o país gastava 2.029 euros ‘per capita’ em cuidados de saúde (ajustados em função das diferenças no poder de compra), estando 30% abaixo da média da UE (2.884 euros).
Segundo o perfil de Portugal, apenas metade da população comunica ser saudável, em contraste com a maioria da UE, onde dois terços dos adultos avaliam positivamente a sua saúde.
C/Lusa