Em comunicado, o Estado Maior das Forças Armadas (EMGFA) adianta que a aeronave C-130 da Força Aérea Portuguesa aterrou na ilha das Flores cerca das 09:00 com uma Brigada Hidrográfica composta por sete militares e uma tonelada de material hidrográfico, uma equipa de quatro mergulhadores com um bote e um veículo submarino, operado remotamente, e três fuzileiros com apoio de drones.
A estes vão juntar-se nove militares do Exército Português, quatro do Regimento de Engenharia NR1 e cinco do Regimento de Guarnição NR1.
Estes militares dos três ramos das Forças Armadas constituem-se como equipa avançada para esta operação, com o objetivo de avaliar o estado de acessibilidade do Porto das Lajes das Flores e de outras infraestruturas que possam ser usadas por embarcações para abastecimento da ilha.
Os trabalhos vão começar imediatamente.
O EMGFA acrescenta que, com o objetivo de criar condições provisórias para desembarcar gasóleo a partir do mar e contribuir para o abastecimento de bens essenciais, também já está na ilha das Flores o navio patrulha oceânico “Setúbal”, da Marinha Portuguesa, com 46 militares a bordo.
Na próxima terça-feira está prevista a chegada da fragata “Álvares Cabral” e do navio reabastecedor “Bérrio”, com cerca de 280 militares a bordo e diverso material de apoio a emergências civis.
“Estas ações destinam-se a contribuir para o prosseguimento das atividades públicas e privadas da ilha, até que as autoridades regionais encontrem soluções para as limitações decorrentes dos danos nas infraestruturas portuárias”, refere o EMGFA.
O apoio conjunto dos três ramos das Forças Armadas, com cerca de 350 militares e vários meios para apoio a emergências civis, surge na sequência de um pedido do Governo Regional dos Açores, através da Secretaria Regional dos Transportes e Obras Públicas, ao Comando Operacional dos Açores.
Também em comunicado, a Autoridade Marítima adianta que a Capitania do Porto de Santa Cruz das Flores tem vindo a prestar apoio ao contingente das Forças Armadas, fornecendo informação para a fase de planeamento e aconselhando sobre matérias específicas da ilha, nomeadamente as suas características geográficas e meteorológicas, para a definição de fundeadouros e para o desembarque seguro do apoio, bem como disponibilizando informação sobre as infraestruturas existentes e o seu estado.
“Todo este trabalho é fundamental para que o apoio possa ser prestado de forma mais rápida e eficaz, tendo como objetivo principal apoiar a população para que possa recuperar e voltar à normalidade o mais rapidamente possível, depois dos estragos causados pela passagem do furacão”, refere a Autoridade Marítima.
Este apoio da Autoridade Marítima aos contingentes que chegam aos Açores, adianta a entidade, é possível devido à sua estrutura descentralizada, que conta com 28 Capitanias distribuídas por Portugal continental, Madeira e Açores.
“Existe um conhecimento local específico e especializado em diversas áreas, como a segurança da navegação, assinalamento marítimo, contenção e combate de poluição, entre outras”, frisou.
O conhecimento do terreno, explica a Autoridade Marítima Nacional, permitiu desde a primeira hora colaborar com as instâncias locais e regionais, avaliar a situação no terreno e contribuir para o estabelecimento de prioridades e linhas de ação a implementar, definindo-se como essencial a execução de um levantamento hidrográfico.
Este levantamento, defende, é fundamental para se determinar os trabalhos que serão necessários desenvolver no porto comercial das Lajes das Flores, para que volte a recuperar a sua operacionalidade.
A Autoridade Marítima cedeu também as instalações do Farol da Ponta das Lajes, para o estabelecimento do posto de comando em terra e para o apoio logístico às equipas avançadas.
No comunicado, realça-se o comportamento da população dos Açores, considerando-o exemplar, sobretudo a comunidade marítima local, que recebeu e cumpriu todas as indicações através das Capitanias dos Portos e Comandos-locais da Polícia Marítima nos Açores, em parceria com as outras entidade regionais e locais, para que a população se preparasse para a chegada do furacão “Lorenzo”.
Segundo a Autoridade Marítima, este comportamento permitiu evitar danos de maior dimensão e uma maior perda de bens, bem como evitar que houvesse acidentes trágicos com vítimas a lamentar.
A passagem do furacão “Lorenzo” pelos Açores, na quarta-feira, provocou mais de 250 ocorrências e obrigou ao realojamento de 53 pessoas.
C/ LUSA