“O óbvio a fazer é organizar eleições. Jeremy Corbyn fala a torto e a direito, devia pedir eleições”, disse o primeiro-ministro à saída de uma reunião com empresários em Nova Iorque, referindo-se ao líder do Partido Trabalhista britânico.
O primeiro-ministro recusou responder se vai demitir-se ou se colocou a rainha Isabel II numa posição delicada com a suspensão do parlamento.
As declarações de Johnson foram feitas pouco depois de o seu gabinete ter anunciado que o primeiro-ministro vai encurtar a estada em Nova Iorque para estar em Londres quando a Câmara dos Comuns retomar os trabalhos, na quarta-feira.
Um porta-voz de Downing Street, residência oficial do primeiro-ministro britânico, informou hoje que Johnson, em Nova Iorque para a Assembleia-Geral da ONU, viaja ainda hoje para o Reino Unido, devendo chegar a Londres pelas 11:00 (mesma hora em Lisboa), meia hora antes da hora marcada para a reunião da Câmara dos Comuns.
A agenda oficial previa que o primeiro-ministro britânico regressasse a Londres apenas ao final do dia de quarta-feira.
A mesma fonte reiterou que Boris Johnson não tenciona demitir-se por causa da decisão do Supremo Tribunal, que hoje declarou ilegal a suspensão do parlamento entre 09 de setembro e 14 de outubro.
Após o anúncio da decisão, o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, convocou a sessão parlamentar para quarta-feira às 11:30, embora sem a sessão de perguntas ao primeiro-ministro que ocorre habitualmente às quartas-feiras.
Numa primeira reação, à chegada da Assembleia das Nações Unidas, em Nova Iorque, Boris Johnson disse que o governo discorda, mas vai respeitar a decisão do Supremo Tribunal, e admitiu nova suspensão.
"Obviamente, este é um veredicto que respeitaremos e respeitamos o processo judicial", disse.
"Eu não acho que esteja certo, mas vamos em frente e, é claro, o Parlamento vai voltar", acrescentou, em declarações transmitidas pela BBC.
O Supremo Tribunal britânico decidiu hoje declarar ilegal a suspensão do Parlamento imposta pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, até duas semanas antes do prazo para o Reino Unido sair da União Europeia (‘Brexit’).
Na leitura da decisão, a juíza, Brenda Hale, disse que "a decisão de aconselhar Sua Majestade a suspender o parlamento era ilegal porque teve o efeito de frustrar ou impedir a capacidade do Parlamento de desempenhar as suas funções constitucionais sem uma justificação razoável".
O primeiro-ministro indicou que poderá pedir uma nova suspensão, mais curta, para iniciar uma nova sessão legislativa e permitir um discurso da rainha, que apresenta o programa político do governo para os próximos.
"Mas o mais importante é que avancemos e concluamos o ‘Brexit’ a 31 de outubro. E claramente os requerentes neste caso estão determinados em tentar frustrar isso e impedi-lo. Penso que seria muito lamentável se o Parlamento tornasse esse objetivo, que as pessoas desejam, mais difícil, mas vamos avançar", acrescentou.
Boris Johnson também discordou que a lei determina que tenha de pedir um novo adiamento da data de saída.
"Atualmente, a lei determina que o Reino Unido sai da UE a 31 de outubro, aconteça o que acontecer. Mas o interessante e empolgante para nós agora é conseguir um bom acordo", disse.
Antes da suspensão, o Parlamento aprovou uma lei exigindo que o governo peça formalmente uma extensão se não for alcançado um acordo até 19 de outubro, mas o primeiro-ministro insistiu que não pretende fazê-lo e que pretende implementar a saída britânica da União Europeia (UE) no prazo de 31 de outubro.
C/ LUSA