"Fiquei triste com os terríveis e recentes incidentes de violência xenófoba na África do Sul, onde tem havido também registos persistentes e fortes de homicídios motivados por violência de género", disse Bachelet.
A responsável falava hoje, em Genebra, no arranque de três semanas de sessões do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas.
"Todas as pessoas na África do Sul – nacionais e estrangeiros – têm direitos humanos fundamentais ao abrigo da Constituição e das leis internacionais de direitos humanos", lembrou.
Bachelet disse ainda ter registado "com agrado as declarações do Presidente [sul-africano] exortando as autoridades a agirem rapidamente para assegurar proteção para as vítimas e responsabilização para os autores, para estancar esta onda de crimes".
Desde 01 de setembro, pelo menos 12 pessoas morreram devido à violência xenófoba que atinge a África do Sul, segundo dados das autoridades sul-africanas.
Os ataques têm visado sobretudo cidadãos estrangeiros, mas a nacionalidade das vítimas é desconhecida.
Esta onda de violência na África do Sul, principal potência industrial do continente, é alimentada pelo elevado nível de desemprego e de pobreza no país.
O Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, manifestou-se, na semana passada, "muito preocupado" com a vaga de violência contra os imigrantes africanos, nomeadamente nigerianos, anunciando o envio de uma delegação a Pretória para transmitir as suas inquietações.
Também o chefe de Estado do Senegal, Macky Sall, considerou que os "incidentes na África do Sul interpelam a todos", apelando para o "respeito" e a "calma" entre "países e povos africanos".
A Comissão da União Africana condenou já os ataques contra cidadãos estrangeiros na África do Sul, pedindo proteção para as potenciais vítimas e suas propriedades no país.
Pelo menos cinco estabelecimentos comerciais portugueses foram pilhados e destruídos em Joanesburgo.
De acordo com dados recolhidos pela agência Lusa junto dos comerciantes afetados, os prejuízos materiais ascendem a 11,3 milhões de rands (691 mil euros).
Desde o início dos incidentes, a polícia deteve mais de 500 pessoas.
Michelle Bachelet manifestou-se ainda "profundamente preocupada", com o impacto da crise económica, corrupção, repressão de grupos da sociedade civil e ataques a ativistas dos direitos humanos no Zimbabué, bem como com o desrespeito pelos direitos humanos e liberdade cívicas que persistem na Tanzânia e no Burundi.
Por outo lado, a responsável da ONU saudou a assinatura do acordo político e a tomada de posse do Governo de transição no Sudão.