O secretário regional da Saúde da Madeira, João Faria Nunes, anunciou hoje que, com o novo modelo de reorganização dos cuidados primários do arquipélago, vai ser implementado um plano regional de saúde mental a partir dos centros de saúde.
"Estas unidades de saúde encontram-se em situações privilegiadas para deteção precoce e prevenção da doença mental, permitindo o acompanhamento e o tratamento do doente sem o afastar das suas famílias e mantendo-o o mais inserido possível no seu meio social, excetuando as situações agudas, cujo internamento seja a última solução", afirmou o governante madeirense na abertura das Jornadas da Casa de Saúde São João de Deus, no Funchal.
Esta instituição da Ordem Hospitaleira de São João de Deus é a única existente na Madeira destinada a doentes do foro psiquiátrico do sexo masculino, tendo Faria Nunes considerado que esta era "uma oportunidade para mostrar gratidão pelo serviço inestimável que tem prestado aos madeirenses há mais de 80 anos, numa área tão delicada como a saúde mental".
O responsável adiantou que "será criado um conselho técnico de saúde mental para centros de saúde que prestará as funções de assessoria ao conselho clínico e de saúde" nestas unidades.
"Outra medida do plano será a criação de equipas de saúde mental comunitárias que vão desenvolver um acompanhamento clínico das pessoas portadoras de doença mental na comunidade, nomeadamente os consumidores de substâncias psicoativas", acrescentou.
Faria Nunes apontou que "promover a saúde mental da população, prevenir a doença psíquica nos cidadãos e prestar melhor assistência aos afetados por situações do foro psiquiátrico são prioridades da política de saúde levada a cabo por este Governo Regional".
O médico salientou, também, a importância da "mudança de paradigma" quanto à participação da família na saúde mental, que passou a "representar uma nova esperança para os doentes" e a ser "considerada nos cuidados e no tratamento", o que veio promover uma menor institucionalização.
"A permanência de doentes mentais em instituições tem sido substituída por cuidados na comunidade e na família e o internamento é hoje mais curto", acontecendo apenas para as "situações agudas e emergentes" apontou.
As jornadas de hoje assinalam o Dia Internacional da Família, proclamado em 1993, pela Organização das Nações Unidas a 15 de março.