A Assembleia Legislativa da Madeira (ALM) fez hoje um minuto de silêncio após a apresentação de cinco votos de pesar, da autoria de PSD, PS, CDS, JPP e PCP, pela morte da jornalista Lília Bernardes.
Vários deputados dos partidos da oposição recordaram que, devido à sua postura, a jornalista, que morreu a 27 de abril, aos 60 anos, no hospital do Funchal, vítima de doença prolongada, foi declarada "inimiga da Madeira do antigo regime", liderado por Alberto João Jardim.
O líder parlamentar do PS da Madeira, Jaime Leandro, mencionou, entre outros aspetos, que Lília Bernardes é "uma jornalista de referência, que defendeu a verdade, foi uma mulher da cultura e inconformada".
José Manuel Rodrigues (CDS-PP/M) sustentou o "quanto a democracia deve à Lília Bernardes", uma jornalista que "esteve nos grandes acontecimentos da Madeira e do Porto Santo" nas últimas décadas.
O deputado independente (ex-PND), Gil Canha, apontou que a Madeira perdeu, no último ano, "jornalistas de investigação de craveira, Tolentino Nóbrega e Lília Bernardes", tendo o parlamentar do PTP, Quintino Costa [substitui José Manuel Coelho] recordado também a morte de Luis Miguel França, que foi deputado do PS na Assembleia da República.
Por seu turno, Adolfo Brazão, da bancada da maioria do PSD/M, falou de Lília Bernardes como uma "mulher lutadora e destemida", do sua "capacidade de resistência, estilo acutilante, ética, dedicação, profissionalismo e paixão com que desempenhava o jornalismo" e que, "por ironia, acabou a sua vida trabalhando na Quinta Vigia [Presidência do Governo Regional da Madeira]".
A jornalista Lília Bernardes era licenciada em Comunicação, Cultura e Organizações pela Universidade da Madeira, com pós-graduação em Guerra de Informação/Competitive Intelligence pela Academia Militar.
Frequentou o Curso Intensivo de Segurança e Defesa, pelo Instituto de Defesa Nacional, tendo iniciado a carreira profissional na empresa Correios e Telecomunicações de Portugal, no âmbito da direção de coordenação dos CTT na Madeira.
Participou na equipa do projeto de lançamento da rede de televisão por cabo na Madeira.
Em 1993, optou pelo jornalismo em exclusividade, como correspondente do Diário de Notícias nacional na região autónoma, cargo que exerceu até outubro de 2014.
Colaborou ainda em vários órgãos de comunicação social, rádio, televisão e revistas e esteve ligada à Cultura, tendo sido autora e atriz em peças de teatro.
Na altura da sua morte, Lília Bernardes era adjunta para a comunicação social do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque.
A Assembleia da República também aprovou a 29 de abril um voto de pesar pela morte da jornalista, um dia depois do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, ter colocado na página oficial da Presidência na Internet uma mensagem expressando os seus pêsames à família e aos amigos da jornalista "que conhecia há longos anos".