O embaixador da Venezuela em Itália renunciou ao cargo numa carta enviada ao Presidente Nicolás Maduro, em que expõe os problemas económicos da embaixada, confirmaram hoje fontes diplomáticas.
Isaías Rodríguez, de 77 anos, antigo procurador-geral e ex-vice-presidente da Assembleia Nacional Constituinte, escreveu na carta que estará sempre ao lado de Maduro, embora reconheça que “se apegou ao chavismo, como uma mesa neste oceano de contradições” em que o regime está enredado.
“Pode estar seguro que enfrentarei qualquer das mortes que me esperam. Eu não aguento mais! A embaixada foi desrespeitada (…) e tenho 77 anos”, argumenta o embaixador, reiterando que se trata de uma decisão “final”.
A demissão acontece num momento em que a embaixada enfrenta vários problemas financeiros.
“Vou embora do cargo sem ressentimentos e sem dinheiro. A minha mulher acabou de vender as roupas que o seu ex-marido lhe deu para enfrentarmos o bloqueio norte-americano. Estou a tentar enviar o carro que é da embaixada e, como o Presidente sabe, não tenho conta bancária porque os estrangeiros congelaram-na e a banca italiana já não me aceita”, explicou o diplomata.
O embaixador, que anuncia que se dedicará agora à função de “avô”, acrescentou no passado dia 07 de maio em conferência de imprensa que “devido às medidas adotadas pelos bancos internacionais para estrangular o governo de Caracas e que impedem a transferência de fundos” tem três meses de rendas em atraso e que os funcionários da embaixada já estão há quatro meses sem receberem o salário.
Isaías Rodriguez disse ainda que o bloqueio bancário suspendeu o acordo de assistência médica subscrito pela Venezuela, há nove anos, com a Associação para o Transporte de Medula Óssea devido a uma dívida de 9 milhões de euros.
O acordo, agora sem efeito, ajudava pacientes venezuelanos, mais concretamente crianças a receberem tratamento em hospitais italianos.
C/ LUSA