No dia 20 de março, Rafael Macedo afirmou nesta comissão que "alguns colegas são negligentes", quer no setor público como no privado, acusando-os de fornecerem tratamentos que "não são adequados" e apontando ainda deficiências nas fichas clínicas e no registo de doentes, bem como desatualização relativamente a novas práticas.
O médico sublinhou em particular os serviços de Hemato-Oncologia, Urologia e Ortopedia, dizendo que funcionam "muito mal" e, por outro lado, disse que havia "desvio deliberado" de doentes para o setor privado.
"As afirmações que fez são de facto afirmações graves. São afirmações que têm de ter fundamento", disse o bastonário da Ordem dos Médicos, realçando que "ou existe uma prova ou então a situação é complexa".
Miguel Guimarães espera que o Conselho Disciplinar analise o caso o "mais rápido possível", dada a "situação de alarme" que foi criada na Madeira, e realçou que, dependendo do que ficar provado, o coordenador da medicina nuclear da região enfrenta uma pena que pode ir da advertência à expulsão da Ordem.
O bastonário sublinhou, por outro lado, que as declarações de Rafael Macedo podem "minar a confiança" da população nos serviços de saúde, pelo que pretende transmitir aos utentes e aos médicos da Madeira uma "mensagem de total confiança".
"Os médicos que trabalham na Madeira são exatamente iguais aos médicos que trabalham no continente", disse, vincando que "os utentes da Madeira têm de ter confiança nos seus médicos, porque têm médicos de grande qualidade".
Depois de ter sido ouvido no parlamento regional, Miguel Guimarães deslocou-se ao Hospital Central do Funchal, onde se reuniu o corpo médico.
A Comissão de Inquérito ao Funcionamento da Unidade de Medicina Nuclear do Sesaram foi constituída a pedido do PSD, partido da maioria, após uma reportagem da TVI, emitida em fevereiro.
A investigação jornalística concluiu que o Hospital do Funchal encaminhava pacientes para fazer exames de medicina nuclear numa clínica privada instalada na região em 2009, enquanto a sua própria unidade, inaugurada em 2013 e certificada em 2017, estava "praticamente parada".
Rafael Macedo foi um dos protagonistas da reportagem e, depois de prestar declarações na comissão de inquérito, foi suspenso pela administração do Sesaram.
C/Lusa