O parlamentar falava durante uma intervenção na sessão plenária da Assembleia Legislativa da Madeira, referindo-se às conclusões de um relatório sobre o estado da floresta laurissilva, que “está assinado pela Unesco” (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e foi discutido em sede de comissão de inquérito.
Em 13 março, numa audição parlamentar na região, a secretária do Ambiente e Recursos Naturais madeirense, Susana Prada, afirmou que o Governo da Madeira "não reconhece nem se revê" na avaliação feita pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) em 2017 à floresta laurissilva, que baixou a sua classificação.
A UICN emitiu no início deste ano o relatório relativo àquela avaliação, no qual baixa a classificação do estado de conservação deste Património Natural da Humanidade para "preocupações significativas", numa escala com quatro níveis: bom, bom com preocupações, preocupações significativas e crítico.
"O relatório revela desconhecimento da realidade", afirmou então a secretária do Ambiente e Recursos Naturais, no âmbito de uma audição parlamentar na Assembleia Legislativa sobre "deterioração da floresta laurissilva", requerida pelo CDS-PP.
Hoje, o deputado do JPP sustentou que a conclusão sobre este assunto é que “o próprio executivo regional vem revelar um desconhecimento profundo sobre as espécies a disseminar” e sobre “os projetos que está a desenvolver e a financiar”.
Entre as medidas censuradas no relatório estão o abate ilegal de espécies endémicas sem estudos de viabilidade e implementação de medidas de compensação aos agricultores, e o tratamento do planalto do Paul da Serra, “agora transformado num estaleiro”, depois de terem sido destruídas dezenas de hectares de urzes centenárias.
O documento também referiu o lançamento de milhares de trutas nas levadas e a libertação de coelhos em várias zonas, bem como a plantação ilegal de plantas invasoras em áreas florestais.
Rafael Nunes apontou que a região continua a registar planos de gestão desatualizados e a ausência de linhas de monitorização para as espécies e habitat prioritários, a “aguardar a contratação dos sapadores florestais” prometidos pelo executivo madeirense.
O JPP criticou ainda a falta de equipamentos importantes para a Polícia Florestal e os vigilantes da natureza, e a falta de cumprimento de promessas no que diz respeito à atualização da carreira dos vigilantes da natureza, “os principais responsáveis pela conservação e conservação da natureza”.
“Quatro anos depois, verifica-se que os interesses político-partidários instalados se apropriaram de uma área que, apesar de deficitária, estava muito melhor em 2015 do que está agora”, opinou o parlamentar do JPP da Madeira.
Rafael Nunes entende considerou que se gastou “dinheiro comunitário e dos contribuintes, mas quatro anos depois” constata-se o que “as instituições internacionais vieram a público confirmar”.
“Este Governo Regional menosprezou e desconsiderou a nossa natureza num completo desrespeito pelo nosso património natural e pelos princípios básicos da conservação ambiental”, concluiu.
LUSA