O PSD na Assembleia da Madeira defendeu hoje a classificação do Mercado dos Lavradores, um ‘ex-libris’ do Funchal, como monumento de interesse público, para evitar a descaracterização daquele emblemático espaço pela atual Câmara do Funchal.
A deputada da maioria social-democrata Rubina Leal, que foi vereadora na Câmara do Funchal na equipa de Miguel Albuquerque, disse que “só agora” o partido traz este assunto em forma de diploma, porque há um “executivo municipal que parece querer acabar com o mercado”.
“Trata-se de defender a nossa história e o património”, apontou, complementando que “basta ouvir a população preocupada com o que se passa no edifício”, visto que “todos os dias há uma ideia” diferente para aquele espaço, datado da década de 30, que é “um testemunho da arquitetura do Estado Novo” e um dos mais visitados da Madeira.
Na Assembleia Legislativa da Madeira, a parlamentar vincou que “as pessoas não querem a transformação do Mercado dos Lavradores num centro comercial", defendendo que o edifício "mantenha a sua função principal [transação de produtos de subsistência]”, estando classificado como imóvel de interesse municipal desde 1993.
Mencionando que existem na região 55 edifícios que têm esta classificação, Rubina Leal sustentou que o objetivo desta iniciativa legislativa é “proteger aquele edifício, as memórias e o património”, e argumentou que “existe uma tendência da imitação do que vem de fora”.
O deputado único (ex-PND), Gil Canha, recordou que já apresentou um voto de protesto por causa da “pouca-vergonha” que afirma se estar a passar no mercado da cidade, defendendo ser necessário “travar aquela loucura”.
O deputado do JPP Élvio Sousa considerou que com esta medida poderá significar “abrir uma caixa de Pandora”, para permitir ao governo madeirense e à direção regional da Cultura “mudar a classificação de outros monumentos”, sublinhando tratar-se de "uma altura eleitoralista”.
Por seu turno, a parlamentar do PS Sofia Canha declarou “subscrever integralmente” a proposta, mas questionou o “súbito interesse” do PSD nesta matéria, defendendo que “os mercados devem ser reinventados”.
Ricardo Lume (PCP) considerou ser “uma tristeza ver o que se está a passar no mercado”, defendeu a revitalização do espaço e das "especificidades para que não se torne no mercado da ribeira”, e criticou o PSD por, em outros casos, ter permitido a descaracterização de imóveis na região.
O deputado António Lopes da Fonseca (CDS) mencionou que o projeto que o atual executivo camarário do Funchal candidatou em 2018 ao Turismo de Portugal, para uma linha de crédito de 300 mil euros, para revitalização do Mercado dos Lavradores, apenas incluía intervenções no interior.
A proposta de projeto de resolução vai ser votada na quarta-feira no plenário da Assembleia Legislativa da Madeira.
Os deputados madeirenses também discutiram um voto de solidariedade para com a população afetada pelo ciclone Idai, em Moçambique, Zimbabué e Maláui, da autoria do PSD, e outro de pesar (CDS-PP) pela tragédia em Moçambique.
Ambos são votados também na quarta-feira, mas mereceram a concordância de todas as forças políticas presentes no plenário, excetuando a parlamentar do PTP, Raquel Coelho, que ficou retida em Lisboa devido ao mau tempo que condiciona desde segunda-feira o movimento no Aeroporto da Madeira – Cristiano Ronaldo.
C/LUSA